Cultura e Arte

Brazlândia – cidade das águas, do morango e da fotografia

A etimologia da palavra ‘fotografia’ vem do grego e significa desenhar com a luz. A ‘grafia’ fotográfica depende, portanto, da exposição luminosa. Contudo, há um acumulo tecnológico desde o surgimento da primeira máquina fotográfica, isso em 1839. E como desdobramento, digamos assim, de sua indiscutível relevância vemos o emprego das câmaras fotográficas digitais
em todos os smartphones, pois tornou-se indispensável para a vida contemporânea. Mas é preciso sublinhar que Leonardo da Vinci foi o primeiro inventor a desenvolver o princípio ótico envolvido na técnica fotográfica.

A câmara escura (Figura 1) que resume, por assim dizer, a pesquisa do artista italiano, inspirou as primeiras máquinas analógicas ou câmeras fotográficas que registraram as primeiras fotografias. Inicialmente, Leonardo da Vinci desenvolveu as câmaras de projeção para criar atalhos para execução de suas pinturas, uma vez que as imagens já estavam ‘desenhadas’ ou projetas sobre o plano de realização desses trabalhos. Ou seja, esse aparato projetava paisagens luminosas sobres superfícies planas como telas e papeis, por
exemplo. O artista ‘apenas’ concentrava-se na coloração dessas projeções já previamente desenhadas. O desenvolvimento técnico dessa descoberta (da câmara escura) inspirou as primeiras máquinas fotográficas, como já dito anteriormente. As câmeras digitais e dispositivos móveis de hoje em dia ‘simulam’ as antigas máquinas analógicas.

Figura 1. Câmara escura.

Ao longo do tempo a fotografia teve inúmeras utilidades como: retratos de personalidades, registros documentais, registro de fatos históricos, fotojornalismo, fotonovela, fotografia artística, registro de patrimônio histórico etc. Com relação a fotografia de patrimônio artístico e cultural a nossa cidade tem enorme potencial para o turismo em suas formas mais diversas: o turismo religioso, o ecoturismo, o turismo cultural, o turismo esportivo e o turismo rural.

Com relação ao patrimônio histórico e cultural, por exemplo, vivemos um certo protagonismo com relação a calçada da orla do Lago Veredinha (figura 2.). Recentemente, foi noticiado a destruição de parte da calçada desenhada por Galeno, na verdade, somou-se questões urgentes de revitalização da orla do Lago Veredinha e não havia se quer um documento que servisse de ‘gabarito’ para tal reforma. A bem da verdade tinham inúmeros pontos da calçada que já estavam deteriorados pela ação do tempo e do seu mau uso.

A conscientização e a informação são diretrizes básicas para a preservação de qualquer bem público, considerando que a orla do
lago representa um dos mais célebres cartões postais há de haver uma campanha a preserve. A respeito da conscientização sobre o patrimônio histórico e cultural, os documentos legais que regem o ensino de artes nas escolas preveem o estudo das manifestações culturais e artísticas locais, bem como a conscientização sobre a preservação do patrimônio cultural que circunda a realidade do aluno matriculado em qualquer escola daqui, quero dizer, é nosso papel como educador orientar as gerações mais recentes sobre a importância do conhecimento acerca do assunto sobre as artes produzidas aqui.

Figura 2. Construção da calçada da Orla do Lago Veredinha. Desenho desenvolvido pelo artista plástico
Galeno.

Agora, com o tombamento desse patrimônio histórico, impulsionado pela pressão popular e a mídia, espera-se por parte do GDF celeridade em licitações que visem sua revitalização e conservação. Na prática, a obra do Galeno que ‘desenha’ nossa calçada deixou de pertencer a gestão da administração de Brazlândia e passa a ficar sob ‘tutela’, digamos assim, do GDF.

A princípio isso representa um ganho já que tal ente federativo possui maior capacidade econômica na execução de projetos que tal obra demanda, considerando que, por exemplo, as pedras portuguesas utilizadas em seu desenho possuem ‘alto custo’, além de exigir mão de obra especializada. Segundo os gestores locais considerando o orçamento previsto para nossa cidade, nesse momento seria inviável a revitalização da orla preservando características da obra original, desenvolvida por Galeno. Entretanto, tal obra possui inestimável valor se considerados os benefícios que ela representa, principalmente, para nós moradores de Brazlândia, para os comerciantes locais e para a memória local. A falta de diretrizes que norteiem o uso público da orla do lago foi causadora de seu ‘desgaste’, foi uma ‘consequência’, por assim dizer, de tal desconhecimento de conservação desde a última reforma, acerca de 12 anos.

Sabemos que tradicionalmente há cavalos como meio de transporte e que são estacionados na calçada da orla, esses animais podem cavar buracos se colocados ali. Quero ser claro, não há necessidade de personificar responsável ‘x’ ou ‘y’, nem condenar as manifestações culturais inerentes à própria realidade da nossa cidade, há uma demanda de valoração e conscientização, do ensino de artes nas escolas e de sua importância social. O nosso objetivo deve ser relativo às questões que transformem a sociedade. A fotografia, o patrimônio histórico e cultural são importantes questões de preservação da memória de uma sociedade. O patrimônio artístico de uma cidade como Brazlândia traz o sentimento de singularidade de que ‘só isso tem aqui’!

Todavia, há elos que permeia a existência dos moradores, através de memórias comuns acionados por experiências parecidas em um mesmo lugar. Certamente, todos nós temos histórias a relembrar em que se tem como cenário a calçada da Orla do Lago Veredinha. É disso que se trata quando falamos sobre a preservação do patrimônio histórico e cultural, falamos, também, da preservação da memória de uma cidade e da identidade de uma comunidade em questão.

Matéria escrita pelo Bacharel em artes visuais THIAGO MAGALHÃES.

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