Saiba quem é Juraci Tesoura de Ouro, empresário preso por fraude no DF
Empresário e candidato a deputado federal nas últimas eleições, Juraci Pessoa de Carvalho (foto em destaque), 63 anos, foi preso pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), na manhã desta quinta-feira (11/4), em uma academia no Sudoeste, área nobre da capital federal. Ele é suspeito de encabeçar uma organização criminosa especializada na lavagem de dinheiro e sonegação de impostos, provocando um rombo de R$ 45.061.267,01 aos cofres do Governo do Distrito Federal. A ação foi batizada de Operação Sarto e mobilizou cerca de 120 policiais.
Natural de Icó, no Ceará, Juraci, conhecido como “Tesoura de Ouro” por conta da sua rede de lojas no Distrito Federal, se candidatou ao cargo de deputado federal, em 2018, pelo Republicanos. À época, ele já respondia a ações na Justiça por sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. Ainda candidato, alegou ter R$ 5,3 milhões em espécie.
Também em 2018, um dos postos de combustíveis do investigado foi fechado em Águas Claras. Durante a greve dos caminhoneiros, a empresa cobrou R$ 9,99 pelo litro de gasolina comum. O local foi lacrado após decisão judicial favorável à BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras e autora da ação judicial contra o dono do estabelecimento por descumprimento de cláusulas contratuais.
Em 2022, tentou, novamente, pleitear a vaga de deputado federal, pelo mesmo partido, e declarou R$ 4.428.682,30 em bens. Apesar dos pesados investimentos em propaganda eleitoral, Juraci não foi eleito.
Operação Sarto
No total, foram cumpridos 26 mandados de busca e apreensão e um de prisão temporária em empresas e residências de investigados nas regiões administrativas de Sudoeste, Águas Claras, Vicente Pires, Núcleo Bandeirante, Taguatinga, Recanto das Emas, Ceilândia além de Planaltina de Goiás e Cidade Ocidental.
A investigação revelou que um grupo empresarial se utilizou de ao menos 123 empresas fictícias ou de fachada para emissão de notas fiscais fraudulentas com o intuito de supressão de tributos distritais, bem como para circulação de dinheiro proveniente de ilícitos tributários.
Essas empresas de fachada, que orbitavam e se vinculavam às empresas existentes do grupo, tinham seus quadros societários constituídos por “laranjas” com padrões de vida simples, comumente funcionários.
“Vale destacar que, em relação a um único funcionário, que tinha a função de motorista, foram identificados 47 CNPJs vinculados a seu nome”, informou a PCDF.
Segundo a polícia, a utilização de “laranjas” nos contratos sociais das empresas de fachada tem o intuito de blindar os reais proprietários do grupo que se beneficiam da supressão dos tributos, bem como da constituição de crédito fiscal “podre”, isto é, não realizando o pagamento dos impostos devidos.
Por meio de contas bancárias vinculadas ao emaranhado de CNPJs de empresas em nomes de “laranjas”, as quantias decorrentes da sonegação fiscal eram fracionadas e movimentadas para dificultar o rastreamento e a detecção dos valores ilícitos.