Após pedido da delegacia de Brazlândia, policial penal é afastado por passar dados de agente da PCDF a bandido
Um policial penal do Distrito Federal é alvo de busca e apreensão na manhã desta sexta-feira (16/2). O servidor é suspeito de vazar dados de um investigador da Polícia Civil do DF para integrantes de uma quadrilha especializada em simular acidentes de trânsito e destruir carros de luxo para receber altos valores de indenização pagos por seguradoras.
Durante as buscas na casa do suspeito, em Jardins Mangueiral, policiais da 18ª Delegacia de Polícia (Brazlândia) recolheram eletrônicos, documentos e, por determinação judicial, armas de fogo, carteira funcional e distintivo do agente.
A pedido da PCDF, o juiz da Vara Criminal e do Tribunal do Júri de Brazlândia decidiu afastar o servidor algo de investigação, provisoriamente, da função pública. O afastamento é por 90 dias e, nesse período, o policial penal não pode frequentar as dependências da instituição nem acessar a rede do sistema prisional.
Segundo a PCDF, o homem também é suspeito de tentar beneficiar um dos líderes da quadrilha, flexibilizando o cumprimento da sua prisão preventiva.
A 18ª DP teve o apoio da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seape) durante as investigações.
“Playboys da batida”
A organização criminosa foi desarticulada em 18 de setembro de 2023, no âmbito da Operação Coiote, deflagrada pela 18ª DP. Estruturado, o grupo criminoso era formado por um empresário, uma advogada, um ex-policial militar do DF, a mulher do PM e outros dois integrantes.
O bando, de acordo com as investigações, faturou pelo menos R$ 2 milhões forjando acidentes violentos com perda total de veículos para embolsar o dinheiro do seguro.
Atuando desde 2015, a organização criminosa simulou 12 acidentes e destruiu 25 veículos de luxo de montadoras como Porsche, Audi, BMW, Mercedes e Volvo.
Os cabeças do esquema torravam o valor das apólices em viagens internacionais para os destinos mais caros do mundo, tanto na Europa quanto na Ásia e no Oriente Médio.
Parte do dinheiro era reinvestida pelos “playboys da batida” na compra de outros carros, que, novamente, seriam destruídos em colisões frontais que impossibilitassem o conserto dos veículos. Os acidentes forjados ocorreram nas cidades de Brazlândia, Taguatinga, Ceilândia, Samambaia, Vicente Pires e Brasília.
Conexão perigosa
Segundo as diligências, o policial penal afastado é amigo de um dos líderes da organização criminosa e, em outubro de 2023, acessou dados pessoais do policial civil responsável pelas investigações e repassou-os ao grupo fraudador.
Munida das informações, a organização criminosa mandou um sujeito até a casa do policial civil para intimidá-lo. A PCDF também apurou que o policial penal tentou classificar o líder do bando para trabalho interno no Centro de Detenção Provisória II (CDP II) antes do prazo de quarentena estabelecido.
A Seape detectou o favorecimento e impediu a classificação. À época, o policial penal afastado era diretor-adjunto do CDP II, onde os líderes da organização criminosa cumprem pena.
O servidor foi exonerado da função de direção no último 6 de fevereiro, tão logo a Seape foi comunicada da apuração da 18ª DP.