Por Marco Sousa

Vamos falar de ansiedade, não no sentido médico e clínico (informação abundante na internet) mas mais no sentido da experiência clínica e pessoal em torno deste sintoma psicológico e emocional.
Normal que a palavra em si desperte na perceção do leitor uma ativação física e emocional mais ou menos sentida. A convidamos a entrar, “ela” merece ter espaço para existir neste momento do aqui e do agora.
“O que é a ansiedade?” A ansiedade é uma sensação de ânsia por “algo”, algo que não vem, não chega e não existe na realidade psicológica do dia a dia, e que movimenta uma vibração caótica e indecifrável, composta por uma orquestra de químicos e pensamentos negativos. Esse algo não é “algo qualquer”. Esse mesmo “algo” é muito particular e individual, podendo ser alguém, um lugar, uma promoção, um tempo, uma viagem ou simplesmente uma abençoada paz de espírito.
A ansiedade gera todo o tipo de narrativas psicológicas, alimentadas por um cocktail de histórias e desejos que nada mais levam a adições e frustrações da mais alta gama. No fundo, a ansiedade é o jogo da separação entre o Mundo interior Psíquico e o Mundo Externo Social. “Quando se busca fora, perpetua-se, quando busca dentro descobre-se.”
Na sua essência, toda e qualquer forma de ansiedade é uma sensação de separação entre Alma e Corpo, revelando-se sob a forma um vasto leque de sintomas físicos e psicológicos explicáveis e inexplicáveis. Eis o ponto central de muita incoerência em torno da deste sintoma multifacetado. Apesar da evolução na área da saúde em vários campos, há algo que escapa aos parâmetros convencionais em torno da ansiedade e que não depende da ciência em si para encontrar soluções.
Olhar para a Ansiedade implica uma forma nova de pensar a relação com nós mesmos. A ansiedade serve para nos curar e (re)encontrar fragmentos de alma perdida. Distante de si mesmo, a ânsia é a constante (re)lembrança que apela a uma nova consciência, um retorno a si mesmos e que conecta à profunda experiência de estar vivo/a e conectado/a.
A ansiedade pede um espaço seguro, um lugar de acolhimento, uma pessoa presente, sem qualquer análise e julgamento. A segurança é primordial para acolher o que está por detrás da ansiedade pois a nossa arquitetura neurológica depende de uma rede de apoio que acolhe o descontrolo emocional. Nesse lugar de conforto, de fronteiras definidas, o centro tem de estar presente, em conexão com outro alguém que ajude a acolher esse estado de separação. Esse é o palco das perguntas mais básicas da ansiedade: “De que tenho medo?” “Desde quando?”
O Primeiro passo é definir em concreto a narrativa do medo. Segundo, reconhecer que houve algo no passado que me obrigou a proteger-me de uma experiência traumatizante. Terceiro, reconhecer que a ansiedade é a porta que convida a Alma a reconexão com o corpo, em paz e em sossego.
A ansiedade convida o regresso a Casa Interior, relembrando que fazemos parte uma Consciência infinitamente benevolente e inteligente e que nunca se está sozinho/a nesta aventura que se chama Vida.