Autoridades da União Europeia estão acelerando os planos para a criação de uma versão digital do euro, depois da aprovação de uma nova lei norte-americana de stablecoin, que sucita preocupações sobre a competitividade de uma moeda digital europeia. As informações são de pessoas familiarizadas à discussão.

Em julho, uma nova lei norte-americana de stablecoin –ativos mais estáveis que são atrelados à movimentação financeira de uma determinada moeda–, foi aprovada, supervisionando esse mercado de US$ 288 bilhões, amplamente dominado pelo dólar.

A Lei Genius foi considerada uma vitória para a indústria de criptomoedas que, com um marco regulatório, pode ter seu uso no mercado financeiro impulsionado.

Pessoas envolvidas na discussão do euro digital afirmaram que autoridades do bloco estão repensando os planos depois da lei. Segundo essas fontes, a ideia agora é operar a moeda digital em um blockchain público em vez de privado, devido a preocupações com privacidade. A medida permitiria que o euro digital fosse negociado em qualquer lugar, impulsionando sua circulação e uso.

Há vários anos o BCE (Banco Central Europeu) trabalha na potencial criação de uma versão digital da moeda utilizada pelo bloco. Seu uso seria gratuito em toda a região da Zona do Euro. O objetivo é proteger o domínio da moeda única no continente.

Piero Cipollone, membro do conselho executivo do BCE, afirmou em abril que a defesa do governo norte-americano às stablecoins pautadas no dólar levantava “preocupações quanto à estabilidade financeira e à autonomia estratégica da Europa”.

Em declaração ao Financial Times, o BCE afirmou que considerava “diferentes tecnologias –tanto centralizadas quanto descentralizadas– no desenvolvimento do euro digital”. Segundo o Banco, uma decisão final ainda não foi tomada.