Suspensão faz parte de ações contra universidades que, segundo o governo, não controlaram protestos pró-Palestina considerados antissemitas
A UCLA (Universidade da Califórnia, Los Angeles) divulgou, na 4ª feira (6.ago.2025), que teve US$ 584 milhões em financiamento federal congelados pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano).
O reitor da UCLA, Julio Frenk, publicou um comunicado no site da universidade detalhando a situação financeira. “Atualmente, aproximadamente US$ 584 milhões em financiamento de prêmios extramurais está suspenso e em risco”, declarou.
Segundo a Reuters, a medida representa um dos maiores congelamentos de fundos federais já aplicados a uma instituição de ensino superior nos EUA.
A suspensão de financiamento faz parte de uma série de ações do governo Trump contra universidades norte-americanas que, segundo a gestão federal, não controlaram adequadamente manifestações consideradas antissemitas relacionadas à guerra na Faixa de Gaza.
Na semana passada, a UCLA concordou em pagar mais de US$ 6 milhões para encerrar um processo movido por estudantes e 1 professor que disseram haver antissemitismo na instituição.
A universidade enfrenta outro processo judicial, relacionado a um ataque violento contra alguns manifestantes pró-Palestina durante o auge dos protestos no campus, em 2024.
As grandes manifestações na UCLA se deram no ano passado. Entre os participantes estavam grupos judaicos que argumentam que o governo equipara erroneamente suas críticas à ofensiva militar israelense em Gaza e à ocupação de territórios palestinos com antissemitismo, além de associar indevidamente a defesa dos direitos palestinos ao apoio ao extremismo.
OUTRAS UNIVERSIDADES
O governo Trump ameaçou cortar fundos federais para diversas universidades por causa das manifestações contra os ataques de Israel à Faixa de Gaza. Outras instituições já chegaram a acordos com o governo federal para resolver questões semelhantes. A Universidade Columbia concordou em pagar mais de US$ 220 milhões, enquanto a Universidade Brown informou que pagará US$ 50 milhões.
As negociações para resolver a situação com a Universidade Harvard continuam em andamento. O governo Trump também tentou deportar estudantes estrangeiros que participaram de protestos, mas enfrentou obstáculos judiciais. O jornal estudantil da Universidade Stanford processou o governo na 4ª feira (6.ago), argumentando que escritores estudantis se autocensuraram e recusaram tarefas relacionadas a Gaza para evitar serem alvo de deportação.
O presidente da UC (Universidade da Califórnia), James Milliken, informou que a instituição concordou em manter conversas com o governo federal para restaurar seu financiamento. Milliken declarou que os cortes “não fazem nada para combater o antissemitismo”.
Defensores dos direitos civis expressaram preocupações sobre a liberdade acadêmica e a liberdade de expressão. Eles apontam um aumento no antissemitismo, preconceito anti-árabe e islamofobia devido à guerra. Os defensores também dizem que o governo Trump não anunciou nenhuma medida ou investigação para o combate da islamofobia.
De acordo com a Reuters, a Casa Branca não se pronunciou sobre o assunto até o momento. Não há informações sobre os critérios específicos para o restabelecimento do financiamento à UCLA.