Marcos Jank, coordenador do Insper Agro Global, vê com urgência a necessidade de o
Brasil se adaptar ao que chamou de um novo jogo geopolítico — um mundo em que as instituições criadas no pós-guerra ruíram — e que tem efeitos diretos no agronegócio.
“Como vai ser o mundo? Não é só sobre a venda de café, carne ou fruta para os Estados Unidos, mas sobre as dezenas de acordos feitos na Casa Branca e que vão mexer no acesso aos mercados nos países mais importantes para a gente. Não tem mais organizações onde você pode ir reclamar”, afirmou Jank durante o Agro Summit, evento promovido pelo Bradesco BBI na quinta-feira (11) em São Paulo.
Para o pesquisador, esse novo momento global adiciona mais volatilidade ao cenário global, um ponto com o qual o agronegócio já está acostumado, pelas próprias dinâmicas do setor, mas adiciona também incerteza.
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“Estamos em um momento de boa produção, de crescimento, mas a mudança das regras do jogo para algo que não conhecemos ainda pode ser muito disruptivo. Há muita incerteza pela frente”, frisou Jank.
No rol de fatores ainda pouco claros, está, por exemplo, a aplicação de tarifas a países que têm relações comerciais com a Rússia — caso de uma sanção aplicada à Índia e que, eventualmente, também pode ser aplicada ao Brasil.
“Esse jeito de operar é muito maluco. Tarifa não foi feita para isso, mas sim para garantir que as cadeias de suprimento funcionem no mundo. Se você mudar o tempo todo, vira o caos. E o que a gente está vendo é um pouco isso”, explicou Jank.
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Olhando para o comércio bilateral com os Estados Unidos, esse efeito fica claro principalmente no café e na exportação de manga, que ficaram de fora da lista de exceções de Donald Trump.
“Nossos concorrentes vão ter isenção e nós, uma tarifa gigantesca. Isso nos obriga a ir lá e negociar esse novo modus operandi, que é uma coisa de barganha, reciprocidade, de toma lá da cá. Não é mais formalizado como era antes”, destacou.
Hoje, os Estados Unidos compram aproximadamente 7% do volume total exportado pelo Brasil, de US$ 164 bilhões.
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Conteúdo produzido por The AgriBiz.