Sarney se diz orgulhoso por entregar um país tranquilo

Segundo o ex-presidente, a democracia amadureceu “no coração do Brasil” como um “dogma que devemos seguir até o fim”

O ex-presidente José Sarney disse neste sábado (15.mar.2025) que tem “grande orgulho pessoal” por ter participado do processo de redemocratização e de ter entregado “ao povo brasileiro um país tranquilo”. Ele discursou no evento “Democracia 40 anos: Conquistas, Dívidas e Desafios”, organizado pela Fundação Astrojildo Pereira, ligada ao Cidadania (ex-partidão, o antigo Partido Comunista), no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília.

“Tive o privilégio e a responsabilidade de conduzir o nosso país em um dos momentos mais decisivos da nossa história republicana”, declarou Sarney. Segundo ele, a democracia amadureceu “no coração do Brasil” como um “dogma que devemos seguir até o fim de nossa história”. Disse que nenhuma democracia é construída sem desafios e que seus anos de governo foram “desafiadores”, mas que o país conseguiu “atravessar aquele tempo todo em absoluta tranquilidade” e sem rupturas democráticas.

Sarney também falou sobre Tancredo Neves. O chamou de “grande líder” e disse que era ele quem organizava a “engenharia” da transição democrática. “Muitos brasileiros deram a vida pelo Brasil, mas Tancredo deu a morte”, declarou. Disse que ele “foi preparado pela história” para aquele momento.

O ex-presidente afirmou que as Forças Armadas são “fiéis à Constituição” e demonstraram isso no 8 de Janeiro. “São 40 anos que estão aí definitivamente plantados nas instituições que construímos”, declarou. Segundo Sarney, houve tentativas de retrocessos democráticos, “mas nós conseguimos” atravessá-las.

40 anos da democracia

O Brasil completa neste sábado (15.mar.2025) 40 anos de democracia. É o maior período contínuo da história com eleições diretas para presidente, senadores, deputados, governadores, deputados estaduais, prefeitos e vereadores.

Em 1988, o Congresso promulgou uma nova Constituição no país. Substituiu a que estava em vigor desde 1967, quando o Brasil vivia sob uma ditadura. Os governos autocráticos de presidentes militares duraram 21 anos, de 1964 a 1985. Houve várias fases, com diferenças nas restrições à liberdade de expressão e de participação política.

Em 40 anos, a partir de 1985, o PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil foi ultrapassado pelo da China e pelo da Índia. Os 3 países integravam o que se chamava de Terceiro Mundo nos anos 1970. Nos anos 1990, passou-se a usar o termo “emergentes” para designá-los. Atualmente, usa-se Sul Global.