Pesquisa mostra que 90% das árvores na Amazônia e Mata Atlântica dependem desses animais para se reproduzir
Pesquisadores de 7 países publicaram um alerta sobre como a diminuição de animais frugívoros, os dispersores de sementes, prejudica estratégias de conservação florestal e mitigação do clima. O estudo, divulgado na revista Nature Reviews Biodiversity, mostra que a dispersão de sementes por esses animais é essencial para a manutenção das florestas e sua capacidade de absorver carbono.
A equipe internacional, que inclui cientistas do Brasil, identificou que a redução nas populações de aves, mamíferos, peixes e anfíbios que se alimentam de frutos está desintegrando processos ecológicos fundamentais para as florestas.
Os cientistas observaram que 90% das árvores na Amazônia e na Mata Atlântica, além de 60% no Cerrado, dependem desses animais para espalhar suas sementes. A perda de habitat e a caça são as principais ameaças a esses dispersores naturais.
Um estudo anterior publicado na Science, realizado por alguns dos mesmos pesquisadores, mostrou que a perda de aves e mamíferos em escala global resulta na redução de 60% da propagação de sementes.
O processo de dispersão acontece quando o animal ingere um fruto e a semente passa pelo seu sistema digestório. Durante essa passagem, a semente recebe tratamento químico pelo suco gástrico ou mecânico, como no caso das aves.
Em alguns casos, existe uma dependência exclusiva entre plantas e seus dispersores. No caso da Amazônia e no Pantanal, os peixes desempenham função crucial no processo de dispersão.
Segundo o pesquisador, isso acontece por causa das grandes distancias percorridas pelas espécies que se alimentam de frutos nas matas ciliares – vegetação encontrada nas margens dos rios e outros corpos d’água.
Os custos econômicos relacionados ao declínio dos dispersores de sementes incluem a perda de armazenamento de carbono e redução da resiliência natural a eventos ambientais extremos.
Tanto os animais frugívoros quanto os polinizadores são fundamentais para a reprodução das plantas, mas o declínio dos polinizadores tem recebido maior atenção pública e política.