Uma semana depois de encontro com Lula, movimento ocupou terras na BA, CE e ES, pressionando por mais agilidade na reforma agrária
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) realizou nesta semana (11 a 14.mar.2025) a “Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Sem Terra”. O movimento ocupou terras na Bahia, Ceará e Espírito Santo. As ocupações ocorreram 1 semana depois do encontro o com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As atividades foram criticadas pela empresa Suzano, que teve áreas ocupados pelo movimento e entrou com pedido de reintegração de posse, com liminar favorável.
Em continuidade ao Dia Internacional da Mulher (8.mar), mulheres do movimento realizaram ações em todo o Brasil, pressionando por mais agilidade na reforma agrária. A principal ocupação se deu em Aracruz (ES), em áreas pertencentes à empresa Suzano. A ação pretendia trazer à tona o impacto ambiental da monocultura de eucalipto, segundo o MST. Outras ocupações se deram em Nova Redenção (BA), Boa Vista do Tupim (BA), Limoeiro do Norte (CE) e Imperatriz (MA).
Na Bahia, as ocupações se limitaram a terras improdutivas, enquanto no Ceará o movimentou escolheu um espaço de agronegócio com mais de 2 mil hectares. Também houve protestos contra um fabricante de papéis e celulose no Rio Grande do Sul, e bloqueios na BR-010 em Imperatriz (MA) e na subestação da Chesf no Rio Grande do Norte.
A movimentação envolveu mais de 12 mil mulheres em 23 estados e no Distrito Federal, em mais de 70 manifestações por todo o país, de acordo com o MST.
As ações antecedem o “Abril Vermelho”, uma mobilização anual organizada pelo movimento em referência ao massacre de Eldorado do Carajás, que se deu em 17 de abril de 1996. Durante o mês, o MST intensifica as ações de ocupação de terras e protestos em todo o Brasil. Em 2024, foram 31 ocupações.
Em nota ao Poder360, a empresa Suzano afirmou que “ingressou em juízo e já obteve uma decisão liminar favorável ao pedido de reintegração de posse” e que a Justiça de Aracruz concedeu uma liminar determinando a “desocupação imediata da área”.
A empresa ainda afirmou que a “invasão causa estranheza, especialmente por ocorrer em um momento de diálogo construtivo” com o Incra (Reforma Agrária) e o MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário), no qual “importantes avanços foram feitos”.
A companhia também disse que “repudia qualquer tipo de violência” e relembrou acordos vigentes da empresa com o MST e o Incra que estão “sendo integralmente cumpridos” e foram “colocados em riscos” pelas ações.
“Por fim, cabe ressaltar que a empresa cumpre integralmente as legislações ambientais e trabalhistas aplicáveis às áreas em que mantém atividades, tendo como premissas em suas operações o desenvolvimento sustentável e a geração de valor e renda, reforçando assim seu compromisso com as comunidades locais e com o meio ambiente”, finalizou a empresa
Em resposta ao mandado de reintegração solicitado pela Suzano, o MST publicou um texto em que diz que a ocupação “faz parte da tradicional jornada de luta que as mulheres Sem Terra realizam durante o mês de março”.
O movimento declarou que além de questões judiciais, políticos de “extrema-direita ameaçam e provocam” mulheres do MST, enquanto policiais e seguranças “criam clima de insegurança no local”.