Jéssica não tinha mais parâmetro para saber que tipo de beleza seguir. Um cara que ela estava louco para conhecer e se relacionar deixou-a um tanto quanto desconfortável.
Chegou pra ela depois de um dia especial e disse, colocando as mãos na cintura dela e dizendo: “poxa, se você diminuísse um pouco a sua cintura… acho que quando você era mais nova deveria ser uma princesa!”
Ela fingiu a educação, tentou empurrar ele da sua casa e estava com os olhos lacrimejando. Quando fechou a porta chorou, chorou tentando entender qual o problema que ela tinha, ela procurou entender o problema dela, se é que ela tinha algum, foi difícil acessar na memória. Aquela expressão ficou um bom tempo importunando-a.
E foi assim que a sua rede social estava lotada já de vídeos, de pessoas desengonçadas, com cinturas finíssimas mas era nítido o corpo desproporcional. Não sabia se aquilo era real, bem como se perguntava se eram felizes.
Se olhava no espelho e revisitava sua infância até os dias de hoje para saber qual o problema que ela tinha. Até porque, se achava suficientemente linda, elegante, inteligente e um charme que ela assumia com muita força.
Começou a não se identificar com nada que via. Eram mulheres de tantas formas e estilos que ela ficou pensando: o mundo mudou, é uma variedade de mundos, de coisas que para o seu guarda-roupa começou a incomodá-la e decidiu ir no centro da cidade ver algumas calças, que por sinal já estava precisando de umas novas.
Ao passar pelas ruas, viu a loja de jeans onde três calças saíam por 100 reais. Quem não quer uma economia dessas?
-Moça, tem 42? Senhora, acredito que o 44 dê.
(Pronto, o gatiLho começou, Jéssica entrou em pânico)
-Senhora, está tudo bem? – perguntou a vendedora
-Não, não está… Como o 42 não dá mais em mim?
-Perdão esse incômodo. Eu só queria dizer, senhora, que o formato do seu corpo, no jeans 44 seria melhor, hoje em dia o 42 a cintura se manteve, mas a parte das pernas estão mais apertadas. Eu usava que nem a senhora, tenho que me conformar com o 44.
Foi aí que Jéssica olhou para o espelho e riu. Como ela se permitiu passar por certos transtornos para ser “aceita”?
Naquela noite, em casa, vestiu a nova calça e preparou um jantar só para ela. Colocou música, acendeu uma vela no centro da mesa e fez um brinde com a taça de vinho: “A mim.” Não precisava de ninguém para validar sua beleza, sua história ou seu corpo.
Nos dias seguintes, Jéssica começou a perceber pequenos gestos que antes ignorava: a mulher que oferecia ajuda no ponto de ônibus, a senhora que sorria para ela na padaria, a amiga que mandava mensagens perguntando se ela tinha comido.
Tudo isso era carinho. Tudo isso era mais importante do que uma medida de cintura. O afeto, percebeu, nunca foi sobre aparência, era sobre presença, sobre cuidado, sobre se permitir ser real com os outros.
E um dia, mexendo nas gavetas, encontrou uma foto antiga: ela aos 16 anos, com um vestido amarelo e cabelo preso. Sorriu para ela na foto e disse baixinho: “Você cresceu linda. Não porque todo mundo acha, mas porque você nunca deixou de ser você.”
Hoje, se perguntarem a Jéssica qual é o tamanho dela, ela responde com leveza: “O meu tamanho? É o do meu coração.”
Pensar com Arte é Pensar Diferente.
Aimée é uma planejadora urbana com mais de 15 anos de experiência em Marketing, consultora de pós-graduação em NeuroMarketing, Artista Visual internacional e CEO da Tkart, uma empresa internacional de marketing.
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