Meu filho ainda não sabe ler

Em uma tarde qualquer, em um café com as amigas, mães de primeira viagem se encontram e se confraternizam. De repente, uma das mamães declara: _ Meninas, vocês não imaginam, o Lorenzo já está lendo tudo. Ele tá uma gracinha. Em meio a risos e parabéns, tem uma outra mãe, que ao contrário, está convivendo com uma preocupação diária. Maria Júlia, sua filha de 7 anos de idade, ainda não aprendeu a ler. A cobrança em sua mente não para. Será que minha filha tem problema? Precisarei de ajuda extraescolar?

A partir dos 6 anos de idade as crianças começam a ler. As primeiras letras aparecem no emaranhado das palavras. As letras do nome ficam mais visíveis e a lógica do código da língua escrita é decifrado. Todavia, a afirmação nem sempre é verdadeira. Cada criança é única, assim como as suas necessidades e tempo de maturação da aprendizagem.

A Alfabetização pode ser uma jornada fácil para alguns e um desafio para outros. As mães conversam entre si e comparam o tempo de aprendizagem dos seus filhos. É normal as mães se preocuparem com o momento Eureka da alfabetização dos seus filhos. Se todas as outras crianças já estão lendo, o que está acontecendo com o meu filho? É uma pergunta que muitas mães, pais e responsáveis escutam em suas cabeças diariamente.

Sentimentos como a angústia, medo e até mesmo vergonha existem e precisam ser levados em consideração pela escola. Os pais podem ajudar a sanar as dúvidas dos seus filhos e agindo assim, favorecer o processo de ensino aprendizagem, contudo, há tempo para tudo.

É preciso ter em mente que a Alfabetização é um processo individual e acontece em ritmos diferentes para cada criança. A linguagem, por exemplo, precisa estar bem desenvolvida para que a alfabetização aconteça com sucesso. Sabiam disso? As experiências orais na educação infantil serão muito importantes na fase seguinte do ensino fundamental nas séries iniciais. A velocidade que a criança aprende depende de diversos fatores como o apoio familiar, as experiências vividas pela criança assim como, a metodologia que melhor se adequa a cada um dos estudantes. 

Quando a criança por si só, demora um pouco mais para aprender, não há o que fazer, cada um tem um ritmo e é preciso respeitar esse momento de imenso aprendizado. Entretanto, caso após um bom espaço de tempo, o estudante não apresente melhoras, não demonstre ter decifrado o código da escrita será necessário a intervenção de um profissional. Professores de apoio, psicólogos, fonoaudiólogos, orientadores educacionais, assim como psicopedagogos poderão ser acionados para que juntos realizem uma avaliação para identificar as necessidades específicas do estudante.

Nesse momento será muito importante o apoio familiar. O período da alfabetização precisa ser prazeroso e significativo para o estudante. Os pais podem ajudar os filhos a desenvolver habilidades de leitura e escrita oferecendo diversos materiais como livros de literatura infantil e, ou jogos pedagógicos que favoreçam a aprendizagem também no ambiente doméstico. Estabelecendo horários para leitura, a criança construirá o hábito de ler e ouvir histórias.

Segundo os dados coletados pelo SAEB (Sistema de Avaliação da Educação Básica) em 2023, 49,3% das crianças no 2º ano do ensino fundamental estavam alfabetizadas no Brasil naquele ano. O que demonstra um percentual de 50,7% de não alfabetizados.

Diversos fatores conspiram negativamente para a não aprendizagem na alfabetização em crianças incluindo dificuldades de aprendizagem intrínsecas, como dislexia, , TDAH, TEA e outros transtornos, além de problemas emocionais, falta de estímulo adequado em casa, ou metodologias de ensino inadequadas na escola. Além disso, as condições socioeconômicas, problemas de saúde, e dificuldades na comunicação também podem influenciar. É preciso investigar a causa da não aprendizagem o mais breve possível.

Vale lembrar que ambientes familiares instáveis ou com conflitos podem gerar ansiedade e insegurança, afetando o aprendizado. Sobre a escola, é importante que os profissionais dos primeiros anos da alfabetização estejam bem preparados em sua formação docente e ofereça uma metodologia que de fato se adapte às necessidades dos estudantes.

Estabeleça uma comunicação entre escola, família e estudante, tal ação poderá fomentar a aprendizagem e reduzir abismos na comunicação… Uma vez detectado o problema, deve-se encontrar uma solução para que esse estudante alcance as habilidades para a aquisição da leitura e da escrita. Terapias, ou o acompanhamento sistemático poderá ser uma opção a ser considerada pelos pais.

A história da estudante Maria Júlia poderia ser com qualquer estudante de 7 anos de idade. Os desafios das famílias para acompanhar os seus filhos no desenvolvimento da aprendizagem é uma realidade. Compreender que cada criança responde de formas diferentes em seu processo de aquisição da leitura e da escrita é o primeiro ponto para entender o ritmo próprio da aprendizagem de cada indivíduo.

Adriana Frony, professora, administradora, especialista em gestão escolar, mídias sociais, mestranda em ciências da educação, escoteira, palestrante e mentora com mais de 30 anos de experiência na educação, dedicou-se a transformar a aprendizagem em uma experiência alegre e significativa para seus alunos. Acredita que educar é um ato de coragem e amor, que deve ser vivido com liberdade e criatividade. Contato: espacodeaprendizagemintegrada@gmail.com

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