Em entrevista ao portal LeoDias, a dermatologista Priscila Câmara de Camargo explica que mudanças na fórmula ou no armazenamento da toxina podem levar a reações graves
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou a apreensão imediata de um lote falsificado de botox, identificado pelo número C3709C3. A medida, válida em todo o Brasil, foi publicada no Diário Oficial da União, no último fim de semana.
De acordo com o órgão, o produto não corresponde a nenhum lote oficial da Allergan Produtos Farmacêuticos Ltda., empresa responsável pelo registro do medicamento no país. A dermatologista Priscila Câmara de Camargo faz um alerta, em entrevista ao portal LeoDias, sobre os riscos graves à saúde associados ao uso de substâncias injetáveis sem procedência.
Veja as fotos

Toxina botulínicaPexels

Toxina botulínicaPexels

Toxina botulínicaPexels

Toxina botulínicaPexels
A falsificação foi descoberta após uma denúncia, seguida de análise técnica. Com base nas evidências, a Anvisa concluiu que o produto é irregular e apresenta risco à saúde pública. A comercialização, distribuição e uso estão proibidos, e todas as unidades identificadas devem ser retiradas de circulação.
A médica da Clínica Camargo explica que a toxina botulínica tipo A, conhecida popularmente como botox, é amplamente utilizada em procedimentos estéticos para suavizar rugas e linhas de expressão, além de possuir aplicações terapêuticas em casos de enxaqueca crônica, hiperidrose – suor excessivo, espasticidade muscular, entre outros. Por ser uma substância extremamente potente e sensível, qualquer alteração na fórmula ou nas condições de armazenamento pode resultar em efeitos colaterais severos.
“Entre os riscos do uso de produtos falsificados estão reações alérgicas graves, infecções locais, necrose dos tecidos, paralisias indesejadas em regiões não tratadas, assimetrias faciais permanentes e, em casos extremos, comprometimento de funções neurológicas como visão, deglutição e respiração. Em procedimentos estéticos, os resultados também podem ser nulos ou completamente diferentes do esperado”, informa.
A especialista destaca os perigos de utilizar a substância sem procedência. “A aplicação de um produto falsificado pode gerar uma série de complicações, desde quadros inflamatórios graves até comprometimento muscular duradouro. É importante lembrar que estamos falando de uma neurotoxina que, se mal manipulada ou aplicada de forma incorreta, pode causar danos irreversíveis”, diz.
Priscila lembra ainda que os profissionais que realizam o procedimento são responsáveis pelo resultado e pela qualidade do que é aplicado nos pacientes: “É importante buscar um especialista devidamente habilitado, em clínicas legalizadas e que ofereçam total transparência sobre o produto a ser utilizado. É direito do paciente conhecer a marca, ver o frasco original, e ter acesso ao número do lote. A credibilidade do profissional e da clínica são fatores fundamentais para garantir a segurança”.
Esse novo caso de falsificação reforça a necessidade de um controle rigoroso sobre produtos injetáveis e aponta para a importância de fiscalização contínua em clínicas estéticas. “Fica o alerta: desconfie de preços muito abaixo do mercado e sempre exija comprovação da origem do produto. Em estética e saúde, o barato pode sair muito caro”, conclui a dermatologista.