Mamulengo Sem Fronteiras celebra 25 anos com extensa programação cultural no DF

Um quarto de século dedicado à arte de brincar com seriedade, fazer rir com sabedoria e ensinar com poesia. Assim é o Mamulengo Sem Fronteiras, grupo fundado em 2000, que em 2025 comemora 25 anos de atuação ininterrupta na valorização, difusão e pesquisa do Teatro de Bonecos Popular do Nordeste.  Coordenado por Walter Cedro, o grupo recebeu a herança do teatro popular de bonecos das mãos de Chico Simões (Mamulengo Presepada) que sua vez recebeu de Carlos Gomide da Carroça de mamulengos. A efeméride é marcada por uma vasta programação gratuita em escolas públicas do Distrito Federal, oficinas, exposições, aulas-espetáculo e a estreia de um espetáculo inédito.

Reconhecido nacionalmente como Patrimônio Cultural Imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) desde 2015, o mamulengo recebeu, neste ano, o mesmo título pelo Condepac-DF, consolidando sua relevância como pilar vivo da cultura brasileira e reforçando o compromisso com a memória e a identidade popular.

Entre os dias 19 de agosto a 05 de Setembro de 2025, o Mamulengo Sem Fronteiras leva apresentações, exposições e vivências formativas a escolas públicas do DF, promovendo o diálogo entre tradição e educação. Participam da programação instituições de ensino das cidades sendo elas: Escola Classe 39 de Taguatinga Norte, Escola Classe 13 de Taguatinga Sul, Escola Classe de Vicente Pires, Escola Classe 02 em Vicente Pires, Escola Classe Arniqueira em Arniqueira e Centro de Ensino Especial do Guará Guará.

Carlos Gomide

O projeto prevê ainda ações inclusivas e de acessibilidade: parte do material de divulgação será impresso em braille, as apresentações contarão com audiodescrição e intérpretes de Libras, e um artista com deficiência participa do espetáculo inédito previsto para dezembro.

As atividades começaram em janeiro deste ano com  2º Festival de Bonecos Populares do DF, com 12 apresentações de teatro de Mamulengo e também três aulas-espetáculo no Sesi de Taguatinga sobre culturas populares e patrimônio imaterial, o  ponto alto do Festival de Bonecos Populares do DF, foi a roda de doze  grupos do catálogo do Iphan, em uma grande celebração da diversidade e da vitalidade do fazer brincante.

Mamulengo: arte, riso e memória

O teatro de bonecos tem raízes tão antigas quanto as próprias histórias humanas. Desde os primeiros tempos, civilizações criaram figuras animadas para explicar o mundo e celebrar o sagrado. Na Grécia e em Roma, os bonecos ganhavam vida em festas e rituais; na Ásia, especialmente na China, Índia e Indonésia, surgiram como arte milenar, carregando mistérios e religiosidade.

Com as grandes navegações, os bonecos atravessaram oceanos e chegaram à Europa medieval, sendo usados em feiras, igrejas e espetáculos populares. Quando os portugueses aportaram no Brasil, trouxeram esses “presépios de fala” e “bonifrates”, que aqui ganharam sotaque novo. Misturados às culturas africanas e indígenas, transformaram-se em João Redondo, Babau e, principalmente, Mamulengo – expressão genuinamente popular e brasileira.

O Mamulengo, nascido das mãos do povo, tornou-se símbolo de resistência cultural, levando humor, crítica social e poesia às ruas e feiras. Reconhecendo sua importância, em 2015 o Mamulengo foi registrado como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil pelo IPHAN. E em 2025, sua força e tradição foram novamente celebradas ao ser declarado Patrimônio Cultural Imaterial do Distrito Federal, reafirmando seu lugar como uma das maiores riquezas da cultura popular brasileira.

Conhecido por diversos nomes – Mamulengo, Babau, Cassimiro Coco, João Redondo, entre outros – o teatro de bonecos é expressão genuína da cultura popular brasileira. Nascido da oralidade e do improviso, é ao mesmo tempo comédia e crítica, mito e memória.

No Distrito Federal, essa tradição floresceu graças aos fluxos migratórios, sendo hoje o território com maior concentração de grupos fora do Nordeste. Na pesquisa realizada para o catálogo do Iphan (2020), foram identificados 13 grupos atuantes em regiões como Taguatinga, Guará, Águas Claras, Vicente Pires e Arniqueira.

Ao longo de 25 anos, o Mamulengo Sem Fronteiras percorreu festivais na Europa, América do Sul e diversas regiões do Brasil, sempre carregando o riso ancestral e a sabedoria encantadora dos bonecos. Liderado pelo brincante e pesquisador Walter Cedro, o grupo é referência nacional e internacional na preservação dessa linguagem, que é ao mesmo tempo arte, ofício e resistência.

Com a Coordenação Geral de Walter Cedro, produção executiva é assinada por Wagner Nascimento e Sandra Tavares, com a assistência de produção executiva de Marcos Felipe, Emily Cintra, Douglas Madin e  Andressa Sara,  uma equipe técnica especializada em acessibilidade e comunicação. A ilustração é de Jô Oliveira, fotografia de Fernanda Queiroz, audiodescrição de Lúcia Helena, e interpretação em Libras por Ilson Lopes, Mauri Lopes e Josyane Alves. O projeto também se compromete com a solidariedade: durante a temporada, serão arrecadados alimentos não perecíveis para o Instituto Alegria de Viver, com entrega prevista para dezembro.

Serviço

Mamulengo Sem Fronteiras – 25 anos
De 19  de agosto a 05 de Setembro de 2025
Das 8h às 17h
Escolas públicas do Distrito Federal
Entrada franca | Classificação livre
Mais informações: @mamulengosemfronteiras

Viva o Mamulengo Sem Fronteiras! Viva a cultura popular brasileira!
Uma celebração da memória viva, da arte que pulsa e do povo que brinca para resistir.

 

source

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *