Aquele dia se aproxima, revelando que alguns homens são pais apenas no nome. Há fotos juntos, registros da infância, pequenas memórias. No entanto, muitos agem como meros apropriadores de momentos na criação dos filhos, ausentando-se na maior parte do tempo, por vezes, dedicando-se a outra família. É comum que esses homens adotem os filhos da nova parceira e, em contrapartida, negligenciem a criação dos próprios. Uma situação rara, mas que, paradoxalmente, ocorre o tempo todo. Como diria Madre Tereza de Calcutá
“Difícil é amar quem está longe”.
Contudo, a distância por vezes se resume a um PIX mensal, determinado judicialmente, apenas para pensão alimentícia. As demais necessidades ficam a cargo da mãe que, com a elegância de uma condessa, ainda evita falar mal do genitor para os filhos. Há ainda os “caras de pau” que se recusam a pagar, seja por dúvidas sobre a paternidade ou por considerarem o valor solicitado pela mãe excessivo.
Ter um filho pode acontecer com um simples envolvimento, uma união, um suspiro. A responsabilidade de gerar a criança muitas vezes recai sobre a mãe. Inicialmente, todo homem se emociona com a ideia de ser pai, sentindo uma mistura de esperança e até mesmo lágrimas. No entanto, se a relação com a mãe da criança não está bem, alguns podem usar o filho como forma de mostrar que não se importam com nada, muito menos com a criança.
Ser pai é que dá trabalho. Tem que educar, ensinar, repetir, dizer não, colocar para tomar banho, para sair do banho, acordar cedo para ir para escola e pedir para dormir porque amanhã tem escola. Ensinar a diferença de preço e de valores, de verdade e caráter e principalmente dizer que o errado continua errado mesmo que todos estejam fazendo. Às vezes a grana aperta e o sorvete falta, o que não falta é presença.
Existem inúmeras situações onde um pai falha. Tem o pai que aparece como uma fênix com intuito de apropriar-se de uma conquista da qual ele nunca deu suporte. Tem aquele que só aparece para corrigir na frente dos outros e fingir que é presente, tem também o orgulhoso, que sempre exibe a mesma foto com a criança sorrindo porque foi a única que ele tirou na vida. Por fim, o pai que mora junto, mas que não participa da criação, não ensina e nem passa o tempo com os filhos porque ele trabalha e isso já o suficiente, em algum momento esse pai vai descobrir o que é a solidão quando os filhos saírem de casa e a mulher não se sentir obrigada mais a estar do seu lado, contudo sempre há a chance reverter esse quadro, fica a dica.
Amo ser pai, mas não o Dia dos Pais. Essa data sempre me traz à memória o dia em que conheci meu pai biológico. Ele me abandonou desde que nasci, nunca me procurou e, ao encontrá-lo, sequer teve a decência de pedir desculpas pela ausência ou oferecer qualquer tipo de ajuda. Eu acordo todo dia abraçando meu filho e escuto as suas histórias da escola, brincamos juntos, aprontamos, colhemos frutas, desenhamos, assistimos filmes, lemos livros e brigamos. Ele tem o mesmo gênio que o meu, é complicado conviver com sua cópia imatura, mas a gente se entende e aprende todo dia a se amar e se respeitar. Eu não quero que ele se sinta responsável pela minha velhice, quero que se sinta feliz por eu auxiliar a percorrer o caminho que ele desejar.
Para concluir, gostaria de fazer um apelo a todas as mulheres: evitem criar seus filhos como príncipes ou reis que não colaboram em casa. Ensinem-nos a amar e respeitar as diferenças. Ninguém é obrigado a amar alguém porque possui o mesmo sangue.
Lembre-se: pai ruim não faz falta.
Fui!
Thiago Maroca é escritor, membro da Academia Valparaisense de Letras, produtor audiovisual, fotógrafo, mestre em educação, escoteiro, pai do Théo e uma meia dúzia de coisas que não cabem nesse espaço.
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