Férias sem telas: como reduzir o uso de tecnologia em crianças e adolescentes

— Paulinho, sai desse celular!
— Já vou, mãe… Só mais um pouquinho…

Em quantos lares essa conversa poderia ser ouvida? Centenas, talvez milhares. Crianças e adolescentes seguram seus aparelhos celulares e passam horas jogando, assistindo, desenhando virtualmente — ininterruptamente — durante as férias.

O artigo desta semana nos apresenta um desafio comum nas férias escolares: a redução do uso de telas.

Será mesmo tão difícil limitar o tempo de exposição às telas nesse período? Como encontrar — e mais ainda, como oferecer — atividades alternativas, saudáveis e divertidas para as crianças e jovens do século XXI? A equação parece complicada, com variáveis demais e resultados geralmente negativos. Muitos pais vêm perdendo essa batalha. Mas há uma saída? Sim: criatividade, meus caros pais, professores, tutores, pedagogos e entusiastas da infância livre.

O uso excessivo das telas em crianças e adolescentes acarreta diversos efeitos negativos:
Dificuldade de concentração — a superexposição pode reduzir a capacidade de atenção, tornando mais difícil aprender e reter informações;
Redução da memória — o bombardeio constante de conteúdos fragmentados prejudica a memorização de dados realmente importantes;
Comprometimento da resolução de problemas — o pensamento crítico, tão necessário para a vida, é limitado quando o entretenimento não exige reflexão nem criação.

Além disso, as crianças estão vulneráveis a riscos como o cyberbullying e à exposição a conteúdos impróprios para sua faixa etária. Vale lembrar ainda que a falta de exercícios físicos, em função do sedentarismo induzido pelas telas, aumenta o risco de obesidade e distúrbios do sono.

No entanto, há esperança. É possível, sim, afastar nossas crianças e adolescentes dos celulares e videogames — desde que apresentemos alternativas reais às tentações tecnológicas. Caminhadas em parques, brincadeiras ao ar livre, jogos esportivos e experiências sensoriais são algumas sugestões. Atividades criativas como pintura, desenho, modelagem, música ou teatro também devem ser incentivadas. E que tal promover noites de jogos em família com ludo, banco imobiliário, Uno, xadrez, damas e outros clássicos?

As férias podem — e devem — ser recheadas de experiências significativas, mesmo sem grandes gastos. Claro, nem tudo será simples ou bem-aceito à primeira tentativa, mas o esforço valerá a pena. Persistir é a chave.

Dicas práticas para um entretenimento analógico:

  1. Estabeleça limites claros para o uso das telas — Uma hora pela manhã e outra à tarde. Sem negociação. Como adulto responsável, posicione-se com firmeza e carinho: é pelo bem deles.

  2. Defina áreas sem telas em casa — A mesa de refeições, as camas e outros ambientes de convívio familiar devem ser livres de celulares e tablets.

  3. Planeje atividades ao ar livre — Caminhadas, piqueniques, visitas a parques ou à praça do bairro são acessíveis e agradáveis.

  4. Organize atividades em família — Saraus, rodas de conversa, contação de histórias e partilhas sobre os antepassados são preciosas para fortalecer vínculos e resgatar a ancestralidade.

Lembre-se: o orçamento pode estar apertado — os gastos com lanches, brinquedos e passeios em shoppings muitas vezes se equiparam a uma viagem de fim de ano! Portanto, invente. Cozinhe juntos, monte um teatrinho em casa, celebre o “aniversário do cachorro do vizinho” se necessário — qualquer desculpa serve para brincar, criar e se conectar.

Crie a sua atividade memorável das férias. Convide aquela tia distante, visite uma biblioteca, leia capítulos de um livro antigo em voz alta, diariamente, no mesmo horário.
E, por fim, dê o exemplo: reduza também o seu tempo diante das telas. Seja presença — e não apenas vigilância.

Estabeleça o Dia do Verde!
Vista-se de verde, beba suco verde no café da manhã, decore a casa com plantas e cartazes verdes, faça uma refeição temática com salada e macarrão ao pesto. Modele bichinhos com massinha verde e dê a eles nomes e personalidades. Plante uma árvore, ou ao menos um feijãozinho no algodão. Vá ao parque ou caminhe pelo quarteirão.
Nesse dia, sim — libere o uso do celular para registrar os momentos (caso não tenha mais uma câmera fotográfica por aí). Depois, monte um mural com as fotos no final das férias.

Garanto-lhe: depois deste artigo, as férias longe das telas nunca mais serão as mesmas.

As férias escolares estão no fim, é verdade… Mas ainda dá tempo de experimentar algo novo.
E talvez, nesse último suspiro do recesso, criar memórias que durarão uma vida inteira.

Adriana Frony, professora, administradora, especialista em gestão escolar, mídias sociais, mestranda em ciências da educação, escoteira, palestrante e mentora com mais de 30 anos de experiência na educação, dedicou-se a transformar a aprendizagem em uma experiência alegre e significativa para seus alunos. Acredita que educar é um ato de coragem e amor, que deve ser vivido com liberdade e criatividade. Contato: espacodeaprendizagemintegrada@gmail.com

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