Embraer investirá US$ 500 mi nos EUA para driblar tarifas

Mesmo com recuo de Trump, empresa brasileira vê risco e aposta em produção nos país norte-americano para manter espaço no mercado

A Embraer anunciou nesta 3ª feira (5.ago.2025) que pretende investir cerca de US$ 500 milhões nos Estados Unidos nos próximos 5 anos. A medida é uma resposta às tarifas impostas pelo governo norte-americano sobre importações do Brasil.

As aeronaves civis ficaram de fora do aumento para 50% decretado pelo presidente dos EUA, Donald Trump (Republicano), mas seguem submetidas à alíquota original de 10%. Mesmo assim, a Embraer vê o patamar com “grande preocupação” e aposta na expansão local para blindar suas operações nos EUA e retornar ao modelo de “tarifa zero”.

O setor não foi incluído na lista de exceções estratégicas da Casa Branca, que beneficiou outras áreas da indústria brasileira. Diante disso, a Embraer decidiu reforçar sua presença nos EUA para mitigar os efeitos das barreiras comerciais e proteger seu espaço no mercado local.

Os recursos serão aplicados na ampliação da fábrica de Melbourne, na Flórida, e na construção de um novo centro de manutenção (MRO) em Dallas, no Texas. A empresa também prevê um investimento adicional de US$ 500 milhões caso o cargueiro militar KC-390 Millennium seja escolhido pela Força Aérea dos EUA. Com isso, a geração total de empregos pode chegar a 2.500 novos postos.

Hoje, as operações da Embraer e de seus fornecedores sustentam cerca de 13 mil empregos em solo americano. A expectativa é atingir 18,5 mil até 2030. Segundo a empresa, o saldo comercial acumulado com os EUA é favorável em US$ 8 bilhões — reflexo do volume de exportações da companhia ao mercado norte-americano.

TARIFAS NAS PROJEÇÕES

Apesar de o setor aeronáutico ter sido parcialmente poupado do aumento tarifário para 50%, a Embraer alerta que os efeitos da alíquota de 10% sobre suas exportações ainda serão sentidos com mais intensidade ao longo dos próximos meses.

Segundo o CFO da companhia, Antônio Carlos Garcia, apenas 20% do impacto esperado para 2025 foi contabilizado até agora. “Os 80% restantes devem aparecer ao longo do 2º semestre”, disse durante teleconferência com analistas e investidores.

Hoje, cerca de 40% dos componentes dos jatos já são fabricados em território americano, o que reduz parcialmente o impacto das barreiras comerciais. Além disso, a companhia utiliza zonas de livre comércio e conteúdo local para suavizar a incidência tarifária sobre suas entregas.

Mesmo com os esforços para compensar o efeito das tarifas, a Embraer mantém diálogo com autoridades brasileiras e norte-americanas para tentar restabelecer o modelo de alíquota zero.

A empresa argumenta que tem gerado superávit comercial de mais de US$ 8 bilhões para os EUA nos últimos 5 anos, além de investimentos diretos e geração de empregos. A expectativa é de que, com a expansão em solo americano e a continuidade das negociações, haja espaço para uma solução que preserve a fluidez do comércio bilateral.

BALANÇO NO 2º TRIMESTRE

A Embraer registrou prejuízo líquido ajustado de R$ 53,4 milhões no 2º trimestre de 2025, revertendo o lucro de R$ 415,7 milhões no mesmo período de 2024. Eis a íntegra do balanço trimestral (PDF – 9 MB).

Apesar do resultado negativo, a fabricante brasileira de aeronaves apresentou avanço operacional significativo, com receita líquida recorde para o período de R$ 10,3 bilhões, alta de 30,9% na comparação anual.

O desempenho foi impulsionado principalmente pela aviação executiva, que registrou crescimento de 74% na receita em relação ao ano anterior, além de avanço de 28% em defesa e segurança e de 23% em serviços e suporte. A aviação comercial cresceu 11% no mesmo período.


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