Ex-presidente do PSB declara só ter confirmado o que sabia sobre o caso; Campos morreu em 2014, na queda de um avião
O ex-presidente do PSB (Partido Socialista Brasileiro) Carlos Siqueira disse que soube pelo próprio Eduardo Campos (1965-2014), ex-governador de Pernambuco morto em um acidente de avião em agosto de 2014, sobre a prisão de agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) que teriam sido infiltrados em sua pré-campanha presidencial, em 2013.
“Esse assunto ressurgiu e eu afirmei o que eu sei que aconteceu, porque o próprio Eduardo me contou que mandou prender os agentes da Abin quando foram descobertos infiltrados no porto de Suape”, afirmou Siqueira ao Poder360 no sábado (31.mai.2025).
O caso voltou à tona em entrevista do agora ex-presidente nacional do PSB ao podcast Direto de Brasília, parceria do Blog do Magno com a Folha de Pernambuco, na 3ª feira (27.mai).
“A candidatura de Eduardo saiu a fórceps. […] Para se ter uma ideia, teve uma greve lá em Suape que a Dilma botou um agente da Abin lá dentro, que foi preso lá porque o Eduardo descobriu”, declarou Siqueira ao podcast.
Ao Poder360, o político disse que não sabe se os agentes foram enviados para espionar a campanha de Campos, mas que acha “muito estranho” o caso.
“Eu não entro em detalhes desses acontecimentos, nem acho tão bom que tenham ressurgido. Se ressurgiu, não foi por minha iniciativa. Mas eu não podia deixar de confirmar, porque isso de fato aconteceu”, declarou.
Entenda o caso
Em 15 de junho de 2013, a revista Veja publicou uma reportagem sobre a prisão de 4 agentes da Abin “que atuavam disfarçadamente no Porto de Suape, em Pernambuco, com o objetivo de espionar as ações do governador Eduardo Campos (PSB), pré-candidato à Presidência da República”.
Segundo a reportagem, os agentes fingiam trabalhar no local, mas se dedicavam a “colher informações que pudessem ser usadas contra Campos”. Os 4 teriam admitido a policiais militares que eram agentes da Abin e cumpriam missão sigilosa.
Os agentes teriam pedido que não fossem feitos registros oficiais da prisão. O caso teria sido documentado “em um relatório de uma página, numa folha de papel sem timbre, arquivada no Gabinete Militar do governador”.
Campos teria falado com o ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) de Dilma, José Elito Siqueira, que teria admitido a ação, mas negado espionagem de “cunho político” ou “viés eleitoral”. O então governador teria optado por manter o caso em segredo para não “atritar” a relação com o Planalto.
Eduardo Campos
Eduardo Campos (1965-2014) foi governador de Pernambuco (2007-2014), ministro da Ciência e Tecnologia (2004-2005), deputado federal (1995-2006) e deputado estadual (1991-1995). Também foi presidente nacional do PSB de 2005 a 2014.
Era neto de Miguel Arraes (1916-2005), também ex-governador de Pernambuco por 3 mandatos e seu antecessor na presidência do PSB (1993-2005). O filho de Eduardo, João Campos, prefeito do Recife, assumiu o comando da sigla no domingo (1º.jun).
Eduardo Campos morreu em 13 de agosto de 2014, aos 49 anos, a menos de 2 meses do 1º turno das eleições, em um acidente de avião. Ia do Aeroporto Santos Dumont, no Rio, para o Guarujá (SP), no litoral paulista, para eventos de campanha. A aeronave caiu por volta das 10h sobre uma área residencial em Santos (SP). Todas as 7 pessoas a bordo morreram.
A última pesquisa Ibope divulgada antes do acidente, em 7 de agosto daquele ano, apontava Campos em 3º lugar, com 9% das intenções de voto. Com sua morte, a atual ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, assumiu a disputa presidencial, terminando também em 3º lugar, com 21% dos votos.
Outro lado
O Poder360 entrou em contato com as assessorias da Abin e da ex-presidente Dilma Rousseff para perguntar se gostariam de se manifestar a respeito das declarações de Carlos Siqueira. Não houve resposta até a publicação desta reportagem. O texto será atualizado caso uma manifestação seja enviada a este jornal digital.