Crise e colapso político: por que Dina Boluarte perdeu o cargo de presidente do Peru

O Congresso do Peru destituiu na madrugada desta sexta-feira (10) a presidente Dina Boluarte, por “incapacidade moral permanente” para lidar com o agravamento da crise de violência e corrupção no país.

A decisão, tomada por unanimidade (118 votos a favor), encerra um governo de quase dois anos marcado por protestos, investigações judiciais e queda recorde de popularidade.

Com a saída de Boluarte, o chefe do Congresso, José Jerí, assumiu a Presidência por sucessão constitucional. Ele prometeu “declarar guerra ao crime” e liderar um governo de reconciliação nacional até as próximas eleições, previstas para abril de 2026.

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Boluarte havia se recusado a comparecer à sessão de votação, classificando o processo como “inconstitucional”. Sua defesa alegou que a destituição violava o devido processo legal, mas o Congresso decidiu seguir com a votação após sua ausência.

A ex-presidente deixa o poder com 93% de reprovação popular, segundo pesquisa da Datum Internacional, e sob várias investigações por corrupção e enriquecimento ilícito. Seu afastamento consolida um histórico recente de instabilidade política: o Peru teve seis presidentes em apenas sete anos, todos afastados, renunciantes ou presos.

Crise de violência

A destituição ocorreu em meio a uma escalada de violência urbana e extorsões cometidas por gangues, que se tornaram um dos principais problemas do país.

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O estopim político foi o ataque a tiros contra a popular banda de cúmbia Agua Marina, durante um show em Lima, na quarta-feira (9).

Pelo menos quatro músicos foram baleados, e as autoridades atribuem o atentado a grupos de extorsão que atuam em shows e eventos populares.

O episódio provocou forte comoção nacional e aumentou a pressão sobre o governo, acusado de inoperância e negligência no combate ao crime organizado.

A ascensão e a queda

Quando assumiu o cargo em dezembro de 2022, após a prisão de Pedro Castillo por tentativa de golpe de Estado, Dina Boluarte fez história como a primeira mulher a presidir o Peru. P

rometeu combater a corrupção e restaurar a estabilidade política, mas enfrentou uma oposição feroz no Congresso e protestos violentos nas ruas.

Boluarte chegou a anunciar eleições antecipadas para 2026 e prometeu neutralidade no processo, mas não conseguiu reconstruir a confiança pública.

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Novo governo

O novo presidente, José Jerí, assume com o desafio de conter o avanço das quadrilhas e restaurar a credibilidade das instituições. Em seu discurso de posse, prometeu fortalecer as forças de segurança e “declarar guerra às gangues” que controlam parte do país.

Apesar do discurso firme, o Peru continua preso em um ciclo de instabilidade e fragmentação partidária, com o Congresso dominado por grupos conservadores e fujimoristas, que apoiaram a destituição.

A queda de Dina Boluarte aprofundou a crise institucional e reforçou o padrão de instabilidade política que transformou o país em um dos mais voláteis da América Latina.

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