A Amazônia está no centro das discussões sobre o clima desta vez. A COP 30 desembarca em Belém ao som do tecnobrega, acompanhada de um tacacá à beira do rio Guamá.
Uma observação: em extensão e profundidade, os rios amazônicos se confundem facilmente com o mar. A diferença está na cor da água e no sabor do peixe, que nesse caso tem couro, e não escamas.
Se você me perguntar o que eu espero de um evento internacional como esse, eu não tenho resposta. Mas, pelas respostas dos participantes, principalmente dos jovens e das comunidades indígenas e ribeirinhas, o que se quer é mais participação nas decisões e a preservação de suas culturas, que conseguem viver e conservar a natureza ao mesmo tempo.
Falemos do evento. Ele está dividido em duas zonas: azul e verde. Com investimento público e privado, um parque ecológico, esportivo e cultural ficará de legado para os paraenses, além de outras melhorias em diferentes pontos da cidade.
Na Zona Azul, é o espaço das nações: ali apresentam seus projetos, discutem e buscam recursos para iniciativas ambientais, como energia limpa, reflorestamento, ecoturismo e outras. Tomei um chá no estande da Turquia, me senti chique. Até o final da minha estadia no evento, pretendo pegar uma lembrancinha em cada país. A maioria oferece bebidas e balas; o dentista que me perdoe, se é de graça, eu quero!
Na Zona Verde estão os estandes brasileiros, dos estados e de diversas organizações. Estou acompanhando de perto as discussões sobre juventude e, acredite, a molecada que está aqui vai muito além das trends das redes sociais. Estão dando um show de representatividade.
Há uns perrengues, claro. Não vim a passeio, mas, se fosse, recomendaria a cidade como destino turístico, Belém é incrível! É quente, sim. Água gelada no evento é artigo raro, assim como é impossível comer sem gastar uma fortuna: cinquenta reais é a média de um lanche qualquer, sem a bebida. Estou sobrevivendo à base de salgadinhos, biscoitos e barrinhas de cereal.
Até a tradicional chuva diária cai fervendo, como a vontade de mudança dos povos tradicionais.
Estou adorando discutir o Brasil com pessoas tão diversas. E digo mais:
“Saia da internet e comece a conhecer esse outro Brasil.”
Uma frase que me marcou foi a do jovem Arthur, um adolescente de Porto Alegre que falou em uma oficina:
“Não somos os responsáveis por deixar o mundo assim, mas queremos participar das decisões que irão salvá-lo.”
A COP passa, mas as ações precisam começar. Seguimos!
Thiago Maroca é escritor, membro da Academia Valparaisense de Letras, produtor audiovisual, fotógrafo, mestre em educação, escoteiro, pai do Théo e uma meia dúzia de coisas que não cabem neste espaço.
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