O caso do cachorrinho resgatado em Fortaleza após sofrer maus-tratos, chamou a atenção do país
Os maus-tratos a animais são uma realidade que tem ganhado cada vez mais destaque nas mídias brasileiras. A maio parte dos casos ocorrem em silêncio, seja por falta de conhecimento sobre o que caracteriza esse tipo de crime, seja pelo medo de denunciar. Mas como identificar os sinais de maus-tratos e o que fazer para ajudar? O portal LeoDias ouviu a médica veterinária Adriele Almeida, da clínica Golden Care, que falou a respeito do assunto, esclarecendo dúvidas.
O caso do cachorrinho Scooby, resgatado em Fortaleza (CE), comoveu o país nas últimas semanas. Vítima de maus-tratos, ele foi salvo e segue em processo de recuperação sob cuidados médicos. Scooby agora está sob a responsabilidade de um membro da ONG “Anjos da Proteção Animal”, que também o adotou.
Veja as fotos
Scooby – Foto: Reprodução/Globo
Reprodução/Instagram
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Scooby, cachorrinho que sofreu maus-tratos e foi resgatado em antes e depois nas fotosReprodução: Instagram / TV Globo
A história ganhou repercussão nacional e foi destaque no programa “Fantástico”, da TV Globo. Durante o resgate, a antiga tutora foi presa, mas acabou liberada após audiência de custódia. A Justiça optou por substituir a prisão por medidas cautelares, como a proibição de qualquer contato com o animal. A decisão considerou o fato de ela ser ré primária e ter bons antecedentes.
“Manter o animal preso na corrente — até hoje, muita gente faz isso. Manter o animal em um ambiente sujo, com muitas fezes, com urina, sem água. Negligenciar na parte de negar socorro ao animal. Ver o animal muito debilitado e não ajudar. Abuso sexual, que infelizmente acontece. Deixar o animal no sol e não ter um ambiente fresco; usar o animal para rinha, é maus-tratos também”, disse Adriele.
A profissional ainda citou o caso em que pessoas mudam de cidade e deixam o animal doméstico para trás. “Tem muita gente que se muda e não leva o animal, isso configura maus-tratos também”, explicou.
Scooby foi encontrado em estado crítico, com anemia, infestação de pulgas e carrapatos, além de quase três quilos de pelos acumulados. A tosa, por conta da gravidade da situação, precisou ser feita em dois dias.
Ao adotar um animal doméstico é importante ter em mente a responsabilidade que se está adquirindo com essa ação. “A partir do momento que você adota o animal ou até mesmo compra, é uma vida, é parte da sua família. Você tem responsabilidade de vacinar e castrar o animal”, destacou a profissional.
Como denunciar?
O primeiro passo é recolher provas, por exemplo, tirar fotos, gravar vídeos que mostram a situação do animal, e, se possível, registrar relatos de testemunhas, pois esses elementos fortalecem a denúncia.
Em seguida, alertar as autoridades competentes. No Brasil, as denúncias podem ser feitas à Polícia Militar, pelo número 190, às delegacias especializadas, ao IBAMA ou às secretarias de meio ambiente do município. ONGs de proteção animal também podem orientar sobre o que fazer e, muitas vezes, auxiliam diretamente no resgate.
Outra forma de agir é por meio dos canais digitais. Algumas cidades oferecem ouvidorias e aplicativos que permitem denúncias anônimas, como o Disque-Denúncia, pelo número 181.
A legislação brasileira protege os animais, e a Lei Federal nº 14.064/2020 aumentou a pena para maus-tratos contra cães e gatos, que pode chegar a até 5 anos de prisão.
