Cláudia está sentada no consultório do dentista. Levou a mãe para ver os dentes. Ela reza no com todas as forças para que a consulta acabe logo.
Pega o celular, encara a lista de tarefas inacabadas, escuta a música que sai da TV da recepção, aquelas com paisagens paradisíacas de fundo e, a cada dez minutos, chega uma moça oferecendo café. Ela só aceita. De novo e de novo.
Não foi um dia ruim, mas também não foi dos melhores. Pediu a Deus que não a castigasse. E então veio a mensagem da cliente que a deixou nervosa.
Será que era castigo? Punição?
Mas aí se lembrou das frases de psicologia do Instagram e começou um mantra meio cômico, meio desesperado, cochichando pra si (porque diz a legenda que o universo só escuta se você falar):
“Está tudo bem. Você não está procrastinando. Tudo tem seu tempo.”
E, de fato, ela não estava procrastinando. Ela queria sumir um pouco. Largar as chinelas no meio da sala, tirar a roupa inteira, tomar um banho demorado, desligar o celular, fazer o mínimo. O simples. Parada, inerte ao tempo.
— Poxa, eu só queria isso.
Ficou ali, calculando mentalmente há quanto tempo não parava pra sentir, para analisar, para decidir. Estava no modo automático. Só fazia. E fazia. E fazia.
E as consequências, ah… elas chegam.
Porque se você só faz, o que decide?
O que se espera?
O que se entende do que está à sua volta?
Nada. Absolutamente nada.
O inconsciente de Cláudia já estava no limite. Ou ela dava um jeito… ou ele dava um jeito nela.
Essa punição silenciosa é que assusta: quando o corpo começa a responder o oposto do que a mente tenta comandar. É aí que se percebe, temos sim uma alma. E às vezes ela grita por socorro.
Mas o mundo?
O mundo espera que, além de se alinhar… você volte à sua normalidade.
Cláudia tomou seu quinto café.
Olhou para o celular, para a bolsa, para a TV…
Olhou para tudo. E, curiosamente, para nada.
Não quis culpar o mundo. Nem a política. Nem o mercado. Nem o fato de ser mulher em um mundo que exige mais do que dá.
Respirou fundo, pegou o copo de água e, num gesto simbólico, brindou com o ar.
Disse, em voz baixa:
— Todo mundo espera algo de mim. E tudo bem… porque eu também espero das pessoas a compreensão de que sou humana. Sou profissional, mas sou feita de falhas, dúvidas e pequenos colapsos. E mesmo com todas as adversidades, eu escolhi, agora, matar a sede. Estar onde estou. Pertencer a esse momento.
E, claro, Cláudia chegou em casa arrasada.
Tinha mil pendências.
Nada se resolveu num passe de mágica.
Mas algo mudou.
Ela entendeu que não precisava carregar tudo nas costas.
Decidiu colocar o peso em cima de um caminhão desenhado em sua mente, porque só assim conseguia raciocinar, respirar, escolher o que precisava ser feito.
E, sobretudo, responder com empatia à cliente, só no outro dia, que provavelmente, estava na mesma aflição em que Cláudia estivera durante o dia todo.
Respirar também é produtividade.
Pensar com Arte é Pensar Diferente.
Aimée é uma planejadora urbana com mais de 15 anos de experiência em Marketing, consultora de pós-graduação em NeuroMarketing, Artista Visual internacional e CEO da Tkart, uma empresa internacional de marketing.
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