A última quarta-feira (30/7) foi um dia de choque na sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF): Samir Xaud foi alvo de uma operação da Polícia Federal sobre compra de votos durante as eleições municipais de 2024. O fato caiu como uma bomba dentro da entidade que nas últimas semanas buscava limpar a imagem da CBF após tantos escândalos. Antes do ocorrido, o Portal LeoDias vinha conversando com pessoas dos entornos da entidade e te conta agora sobre as principais mudanças dentro da CBF após a queda de Ednaldo Rodrigues em maio.
A primeira e evidente mudança é no trato interno. O clima é outro. Práticas de assédio e intimidação, como câmeras escondidas e seguranças nos corredores da CBF, movidas pela gestão de Ednaldo Rodrigues caíram em desuso. Funcionários da entidade vivem em um clima mais harmonioso.
No entanto, um fator tem preocupado colaboradores. Antes, todas as decisões eram centradas em Ednaldo Rodrigues que, por bem ou por mal, aceitava e rejeitava pedidos e projetos internos. Era rápido e uma dinâmica considerada “pouco burocrática”. Basicamente se levava tudo à ele.
Agora, todas as decisões são tomadas em um “colegiado” que envolve vice-presidentes e nomes importantes da gestão como os vice-presidentes Gustavo Dias Henrique e Flávio Zveiter. Apesar de, em um primeiro momento, parecer positivo o fato de as decisões serem descentralizadas, por muitas vezes, acaba causando confusão em colaboradores que não sabem com quem devem despachar demandas.
Fontes da CBF também relatam que figuras ligadas ao IDP, que administra a CBF Academy e tem Gilmar Mendes, ministro do STF, continuam tendo influência em decisões da entidade.
Vale ressaltar ainda que mesmo após mais de dois meses após a eleição do novo presidente, a CBF tem se reestruturado internamente, definindo novos nomes para postos da diretoria dia após dia.
Veja as fotos

Xaud na Cúpula Executiva do Futebol da FIFA com Gianni Infantino, presidente da entidadeReprodução: Instagram/@Samir Xaud

Rafael Ribeiro/CBFRafael Ribeiro/CBF

Ednaldo Rodrigues (Foto: Divulgação/CBF)

Xaud foi aos Estados Unidos para assistir o Mundial de ClubesReprodução: Instagram/Samir Xaud

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Relacionamento com clubes ainda anda azedo
A ida de Samir Xaud a Copa do Mundo de Clubes pode até ter gerado imagens positivas para a CBF. Fotos ao lado de dirigentes poderosos do futebol e o pedido para que o Brasil sediasse o próximo mundial foram enxergados como positivos para os clubes.
A relação com alguns dos times, no entanto, anda azeda. Um exemplo é o Fluminense: Mário Bittencourt, presidente do clube, ficou furioso com o fato de que Samir Xaud ter faltado aos confrontos do Fluminense contra a Inter de Milão pelas oitavas de final do Mundial, as quartas de final contra o Al-Hilal e as semifinais contra o Chelsea.
O atual presidente havia voltado ao Brasil para inaugurar centros de desenvolvimento do futebol no norte do Brasil, projetos que estavam há muitos anos engavetados na CBF, desde a Copa do Mundo de 2014. Apesar de não ter voltado ao país à toa, o fato gerou críticas do tricolor, que se sentiu desprestigiado pela entidade. O entendimento é que as inaugurações poderiam esperar ao menos até o fim do Mundial de Clubes, uma vez que eram projetos paralisados há muito tempo.
Xaud, no entanto, não viu obstáculos para retornar aos Estados Unidos e assistir à final da competição no último dia 13 de julho, ao lado do técnico Carlo Ancelotti.
A dificuldade do novo presidente em se relacionar com os clubes é considerado um dos principais entraves da gestão. Vale lembrar que os clubes da série A, exceção feita a Palmeiras, Vasco, Grêmio e Botafogo, boicotaram a eleição do presidente e haviam apoiado a candidatura de Reinaldo Carneiro Bastos, da Federação Paulista de Futebol (FPF), uma também opositora a atual gestão da CBF.
Samir Xaud até tem conseguido se aproximar de clubes de divisões inferiores e abriu espaço para nomes indicados pela Comissão Nacional de Clubes em cargos importantes dentro da CBF. No entanto, a relação ainda é vista como longe do ideal, com certo distanciamento.
Decisões importantes no âmbito do futebol brasileiro
Apesar de pouco ter mudado, a gestão de Samir Xaud fez alguns anúncios importantes para o futebol brasileiro. O primeiro, logo em seu discurso de vitória nas eleições, o novo presidente anunciou que os estaduais passarão a ter apenas 10 datas no calendário do futebol brasileiro.
O fato gerou irritação na Federação Paulista de Futebol (FPF), principal adversária, e que possui um lucrativo contrato de televisão pelos direitos de transmissão do Campeonato Paulista. A nova estrutura do calendário obrigará a FPF perder jogos e, consequentemente, deixar de lucrar. A alteração também desagradou a Record, dona dos direitos em TV aberta.
Além da federação e da emissora, clubes pequenos, que contam com as competições estaduais para pagar as contas, também ficaram apreensivos. No entanto, nas últimas semanas um projeto para expansão das divisões inferiores pode “resolver o problema” para Xaud.
Na última terça-feira (29/7), representantes de clubes da Série D foram recebidos na sede da CBF para debater a possível nova estrutura do calendário. Conversas avançaram para ampliar a última divisão nacional para 96 clubes ou até mesmo a criação da Série E, que seria a quinta divisão do futebol brasileiro.
O que há no horizonte e os “fantasmas” antigos
A gestão Samir Xaud terá nas próximas momentos importantes para definir o futuro da entidade e, consequentemente, do futebol brasileiro. Um importante fator é se resolver com antigos “fantasmas”. A CBF ainda possui processos trabalhistas que tendem a ser custosos para a entidade.
Um dos mais emblemáticos é da arquiteta Luísa Xavier, que segue na mesa de discussões para um acordo. Pelo menos outros quatro funcionários, além da ex-diretora de patrimônio, de ex-funcionários importantes nos últimos anos da CBF que ainda não foram resolvidos.
Xaud e seu “colegiado” também terão a dura missão de se reaproximar dos clubes e dar andamento de projetos importantes ao futebol brasileiro como o estabelecimento do fair play financeiro e da profissionalização da arbitragem.
Um fato que pode, no entanto, dar um gás a “nova CBF” é o trabalho de Carlo Ancelotti na Seleção Brasileira. Caso o italiano faça um bom trabalho, a CBF poderá ter mais tranquilidade para planejar seu futuro.
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