A empresários em Jacarta, o presidente defende elevar o comércio entre Brasil e o país asiático para acima de US$ 15 ou 20 bilhões
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta 5ª feira (23.out.2025) que tentará avançar nas tratativas para um acordo comercial entre Mercosul e Indonésia até o fim de 2025 –quando encerra a presidência do Brasil no bloco sul-americano. Ele deu a declaração no encerramento do fórum empresarial Brasil-Indonésia, em Jacarta.
Durante o evento, Lula disse que “é muito pouco” que 2 países com mais de 200 milhões de habitantes, com “tantas similaridades e necessidades entre si”, não tenham “trabalhado o suficiente” para ter um comércio acima de US$ 15 ou 20 bilhões.
“A minha vinda é uma demonstração de que o Brasil quer levar muito a sério essa parceira estratégica com a Indonésia”, afirmou. Lula viaja ao país asiático depois de receber o presidente indonésio, Prabowo Subianto (partido Gerindra, direita), no Brasil.
Segundo o petista, as relações entre os países avançaram, mas o comércio bilateral atual não é compatível com o objetivo da parceria estratégica nem da atuação nos Brics. Entre os benefícios que podem ser atingidos com a proximidade entre o Brasil e a Indonésia, Lula citou:
- contribuição para a segurança alimentar no país asiático;
- facilitação do comércio e redução dos custos para os consumidores finais;
- ampliação de parcerias entre as forças de segurança dos países;
- criação, em conjunto, de um mercado global de biocombustíveis.
A Indonésia é o 16º maior destino das exportações brasileiras e o 5º no agronegócio. Em 2024, o comércio bilateral atingiu um valor recorde: foram US$ 6,3 bilhões, com superávit brasileiro (US$ 2,6 bilhões).
FUNDO PARA FLORESTAS
Lula também agradeceu pelo “apoio fundamental” da Indonésia ao TFFF (Fundo Florestas Tropicais para Sempre, em português), iniciativa que será apresentada na COP30. Explicou aos empresários sobre o fundo de investimento: “Ao anunciá-lo, o Brasil depositou US$ 1 bilhão nesse fundo. Uma parte do lucro será transformado em um financiamento para os países que mantêm sua floresta em pé. Ninguém vai mais pedir dinheiro para manter as florestas”.
Segundo a Apex (Agência Brasileira de Promoções de Exportações e Investimentos), o evento reuniu autoridades e representantes empresariais dos 2 países, com o objetivo de aprofundar as relações econômicas bilaterais e identificar novas oportunidades de cooperação comercial e de investimentos.
A agenda contou ainda com painéis empresariais e institucionais e reuniões bilaterais de negócios que abordaram temas como cooperação econômica e tecnológica, sustentabilidade e energia, agronegócio, indústria e oportunidades de diversificação de exportações na região.
Esta é a 1ª visita de um chefe do Executivo brasileiro ao país asiático desde 2008. Depois da cerimônia para assinatura de atos entre os 2 países, Lula disse a jornalistas que ambos querem passar a fazer comércio entre eles com as próprias moedas, o real e a rúpia indonésia.
A visita de Lula à Ásia, a 6ª de seu atual mandato, busca fortalecer as parcerias estratégicas com os países do Sudeste Asiático e ampliar a presença do Brasil na região. Além da visita de Estado à Indonésia, o petista participará das cúpulas da Asean (Associação das Nações do Sudeste Asiático) e do Leste Asiático, na Malásia, e de reuniões com empresários brasileiros e asiáticos. O presidente retorna ao Brasil em 28 de outubro.
Na Malásia, o chefe do Executivo deve se reunir com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (partido Republicano). A informação foi divulgada por uma autoridade da Casa Branca, mas o encontro ainda não foi confirmado.