Medida será financiada por cortes em programas que atendem estudantes de minorias, incluindo US$ 350 mi de ciências e engenharia
O Departamento de Educação dos Estados Unidos está transferindo quase US$ 500 milhões para faculdades historicamente negras e universidades tribais, segundo informações do jornal New York Times, divulgada nesta 3ª feira (16.set.2025). A quantia será financiada por cortes em programas que atendem estudantes de minorias em outras instituições.
O governo Donald Trump (Partido Republicanos) também destinou US$ 137 milhões adicionais para educação cívica e história norte-americana, além de US$ 60 milhões para escolas charter. Para viabilizar as mudanças, foram reduzidos em US$ 350 milhões os recursos de programas voltados a cursos de ciências e engenharia, instituições com presença hispânica e outros subsídios federais.
A redistribuição se deu depois de a Casa Branca solicitar uma redução de 15% no orçamento do Departamento de Educação para o próximo ano. Em paralelo, Trump busca apoio para extinguir permanentemente o órgão e direcionar verbas para suas prioridades educacionais.
As faculdades historicamente negras receberão US$ 1,34 bilhão em 2025, aumento de 48% em relação ao orçamento inicial. As universidades tribais terão aproximadamente US$ 108 milhões, o dobro do previsto anteriormente.
Durante seu 1º mandato, Trump já havia assegurado mais de US$ 250 milhões anuais para faculdades historicamente negras e cancelado a devolução de US$ 300 milhões em empréstimos federais. Agora, o governo federal aproveita o impasse no Congresso para implementar a redistribuição antes do fim do ano fiscal, em 30 de setembro. Normalmente, o Legislativo define a alocação de recursos, mas as medidas emergenciais adotadas não especificam detalhadamente os destinos.
Os programas de História receberão US$ 160 milhões em 2025, contra os US$ 23 milhões aprovados pelo Congresso, um aumento financiado por cortes de cerca de US$ 140 milhões em programas de formação docente que, segundo o governo, promoviam “ideologia divisiva racial”.
Para ampliar em US$ 60 milhões o orçamento das escolas charter, agora em US$ 500 milhões, a administração cortou US$ 15 milhões das escolas magnet, US$ 9 milhões de programas para superdotados e US$ 31 milhões do programa Ready to Learn, que apoiava iniciativas da PBS para crianças.
O cargo criado na Casa Branca para supervisionar a “Iniciativa para Faculdades e Universidades Historicamente Negras”, estabelecido em abril, continua vago.
Lodriguez Murray, vice-presidente sênior da UNCF (United Negro College Fund), chamou os recursos extras de “bênção”, lembrando que cerca de 70% dos alunos dessas instituições vêm de famílias de baixa renda. Já Marybeth Gasman, diretora do Centro Rutgers para Instituições Voltadas a Minorias, criticou os cortes em programas de apoio a estudantes negros e hispânicos em outras escolas.
Durante a campanha, Trump prometeu “certificar professores que abracem valores patrióticos” e ameaçou cortar verbas de escolas que se afastassem de temas de “educação patriótica”. Críticos afirmam que o presidente minimizou a história dos negros nos EUA, ao reclamar recentemente de que museus do Smithsonian dão ênfase excessiva à escravidão.