Adultização Infantil: Um Perigo Silencioso

A pouco tempo atrás a infância parecia durar mais tempo… Hoje em dia, com o uso das tecnologias, cosméticos acessíveis, uso dos tablets e celulares, há todo um apelo à adultização infantil, trazendo a triste mudança de comportamento e uma precoce vida adulta, desnecessária a uma faixa etária tão curta e tão breve.

A adultização infantil ocorre quando crianças são expostas precocemente a comportamentos, responsabilidades ou conteúdos inadequados para sua idade, levando-as a assumir papéis típicos da vida adulta antes do tempo. Isso pode afetar o desenvolvimento emocional, psicológico e social da criança. Cabe a nossa sociedade mudar esse quadro.

Há diversos exemplos de adultização infantil. O uso de roupas e acessórios de adultos, como maquiagem, salto alto, bolsas ou roupas sensuais e inadequadas para a infância. Os comportamentos e atitudes de adulto como a maneira de falar, as danças sensuais, os gestos e posturas que demonstram erotização, vaidade exacerbada e competitividade precoce também evidenciam a adultização infantil. A rotina exaustiva das crianças do século XXI com agendas cheias de compromissos, com atividades extracurriculares, como prática de esportes e cursos de idiomas, deixando as crianças sem tempo suficiente para brincar e descansar, assim como praticar o ócio tão necessário a todos os seres viventes. Além da carga de responsabilidades como a pressão por desempenho, resultados e comportamentos que não correspondem à fase em que a criança se encontra.

Mas afinal, o que vem causando a adultização infantil? As mídias sociais têm causado bastante Influência em nossas crianças devido a exposição a conteúdos sobre relacionamentos, aparência, sexualidade e padrões de comportamento. As campanhas de publicidade muitas vezes expõem e apresentam crianças como “mini adultos” em anúncios e propagandas. O que de fato não é errado ou impossível de acontecer. A questão é o apelo exagerado e a quantidade de estímulo para que a adultização aconteça. A convivência intensa com adultos, fatalmente gera a uma imitação de comportamentos que não são apropriados para a idade.

Em consequência da adultização infantil há todo um impacto psicológico e emocional como estresse, ansiedade, baixa autoestima e problemas de saúde mental que temos visto de forma recorrente nas escolas de ensino fundamental e médio e ainda, precocemente na educação infantil. A perda da infância, as dificuldades na construção da autoestima e problemas na regulação emocional são alguns exemplos causados pela precoce entrada na vida adulto ou no seu comportamento adulto. Segundo a Organização Mundial da Saúde : “A saúde mental das crianças é fundamental para o seu desenvolvimento e bem-estar geral.” (Fonte: OMS, “Saúde Mental das Crianças”)

A adultização infantil é uma violação dos direitos das crianças uma vez que proporciona a perda de direitos básicos, como brincar, descansar e estudar com leveza e tranquilidade.

A longo prazo, a adultização infantil pode ter consequências desastrosas. Uma criança que deseja se tornar adulto tão cedo pode estabelecer problemas com o desenvolvimento corporal que leva tempo de maturação, gerando ansiedade para um corpo atlético ou com curvas. Ao  anseio poderá levar a problemas de identidade e auto aceitação além dos riscos de um comportamento obsessivo entre outros traumas.

Faz-se necessário uma ampla discussão quanto às formas que a sociedade pode lançar mão para conter e prevenir a adultização infantil. As escolas devem promover uma conscientização sobre o tema para pais e responsáveis, assim  como para com os seus professores e educadores. Promover atividades saudáveis e apropriadas à infância, além de regular o uso dos aparelhos celulares e o acompanhamento dos conteúdos assistidos pelas crianças. 

Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância “A infância é um período crítico para o desenvolvimento humano, e as experiências durante essa fase têm um impacto duradouro na vida das crianças.” (Fonte: UNICEF, “A Importância da Infância”).

Por fim, segundo a American Psychological Association “A exposição precoce a conteúdos sexualizados pode levar a uma visão distorcida da sexualidade e dos relacionamentos.” (Fonte: APA, “A Sexualização das Meninas”).

É mais que necessário e importante para toda sociedade preservar, prevenir e apoiar a infância das nossas crianças e dar suporte ao desenvolvimento saudável dos jovens. Juntos será possível conter essa onda na corrida pela vida adulta fora de contexto. É possível mudar esse quadro. Tudo tem seu tempo e a infância é o tempo mais curto e precioso de toda a nossa existência.

Adriana Frony, professora, administradora, especialista em gestão escolar, mídias sociais, mestranda em ciências da educação, escoteira, palestrante e mentora com mais de 30 anos de experiência na educação, dedicou-se a transformar a aprendizagem em uma experiência alegre e significativa para seus alunos. Acredita que educar é um ato de coragem e amor, que deve ser vivido com liberdade e criatividade. Contato: espacodeaprendizagemintegrada@gmail.com

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