Brasileiros na Rússia acusam dupla de golpe e desvio de soldos militares, diz TV

Pelo menos cinco soldados brasileiros e de outros países da América do Sul acusam dois compatriotas de aplicar golpes financeiros contra recrutas que viajaram à Rússia para servir no conflito contra a Ucrânia.

Os relatos, obtidos pela CNN, apontam que Arthur Michel e Antônio Neto usavam canais nas redes sociais para atrair interessados no alistamento militar.

Segundo as denúncias, ao chegarem ao país com recursos próprios, os soldados recebiam da dupla auxílio na tradução de documentos e nos trâmites burocráticos. No entanto, um dos papéis apresentados seria uma procuração que permitia acesso às contas bancárias dos militares, documento que, segundo as vítimas, era apresentado como um exame psicológico admissional.

Oportunidade única

Cartão Legacy: muito além de um serviço

Após o início das missões, começaram a ser registrados saques e movimentações não autorizadas. Um dos soldados afirma ter perdido cerca de 1 milhão de rublos (R$ 60 mil). O pagamento a um combatente estrangeiro no Exército russo pode chegar a R$ 350 mil, somando bônus de alistamento e soldo.

Relatos de sequestro e fuga

Em relato à rede de TV, Fernando Mazzo, que chegou à Rússia em fevereiro de 2025, conta que tentou cancelar o contrato após perceber o golpe, mas foi ameaçado de acusação por deserção.

Em um período de folga, diz ter sido mantido em um hotel em São Petersburgo e impedido de sair. “Quebrei a janela do quarto e fugi pela escada de emergência. Dormi na rua até conseguir regularizar minha saída”, relata.

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Outro brasileiro, ainda na Rússia, afirma que assinou a procuração sem entender o teor, pois não tinha acesso a tradutores nem ao celular durante o processo. Ele calcula prejuízo de 800 mil rublos e relata que já acionou advogado especializado em direito militar no país.

Um dos soldados, ferido por estilhaços após ataque de drone, perdeu parte dos movimentos do pé direito e afirma que a perda financeira comprometeu sua concentração em combate.

Já Helade Medeiros, mãe de um militar desaparecido desde junho, diz ter recebido relatos de que seu filho também teria sido vítima da dupla.

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Defesa dos acusados

Antônio Neto, que se apresenta como médico radicado na Rússia há 11 anos, nega as acusações e afirma que trabalhou apenas como tradutor.

“Isso é um absurdo. Há inimigos espalhando mentiras, e meus advogados já estão tomando providências”, disse à CNN. Arthur Michel também nega irregularidades e afirma que todo o processo foi conduzido “dentro do Exército russo” e sem cobrança de valores.

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores informou que as embaixadas brasileiras em Kiev e Moscou estão à disposição para assistência consular, mediante solicitação do cidadão ou de familiares, e que a atuação segue a legislação nacional e internacional.

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