Aos 70 anos, Raul Gazolla estrela remontagem de “A Chorus Line”, musical que o lançou como ator

Clássico da Broadway completa 50 anos em 2025 e teve sua primeira edição nacional em 1983

Prestes a completar 70 anos de idade, na quinta-feira (7/8), Raul Gazolla vai voltar às origens de sua carreira. O portal LeoDias noticia, em primeira mão, que o ator vai interpretar o papel principal do musical da Broadway “A Chorus Line”. O veterano se lançou como artista na remontagem brasileira do clássico, em 1983, interpretando dois papéis. Gazolla, que agora interpretará Zach, é o primeiro nome do elenco estrelado que integra a nova versão, comandada por Miguel Falabella e Bárbara Guerra.

Na primeira montagem, o artista tinha 27 anos e havia feito apenas teatro amador. Praticante de capoeira e estudante de dança, ele recebeu a sugestão de uma namorada bailarina e decidiu se aventurar despretensiosamente entre mais de 1000 candidatos para participar dos testes e compor o elenco daquela produção, que seria um marco na vida de dezenas de artistas desconhecidos até então:

Aquele espetáculo foi como um portal para a minha carreira e de muita gente. Foram dois meses ensaiando 12 horas por dia e até hoje me arrepia só de lembrar a reação da plateia de mil lugares todas as noites vibrando ao começarmos e aplaudindo de pé ao final de cada apresentação.

Ao receber o convite da diretora e coreógrafa da nova versão, Bárbara Guerra, Raul diz ter vivido uma emoção incomum, uma sensação de como se estivesse em uma máquina do tempo que o transportou aos dias em que passou de um ator amador desconhecido ao ser alçado a sua carreira profissional.

Veja as fotos

Foto: Marco Aurélio Fotografias

Raul interpreta Zach, personagem principal da montagemFoto: Marco Aurélio Fotografias

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Artista disse que se sentiu em uma máquina do tempo, ao receber o conviteFoto: Marco Aurélio Fotografias

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Raul Gazolla completa 70 anos na quinta-feira (7/8)Foto: Marco Aurélio Fotografias


“A Chorus Line” ficou por 15 anos em cartaz na Broadway, em Nova Iorque, e bateu recordes por toda sua trajetória. Aclamado pela crítica e pelo público, venceu nove prêmios Tony, além do prestigioso Pulitzer de Drama, e foi adaptado para o cinema em 1985 por Richard Attenborough. Sua estrutura inovadora, centrada na vulnerabilidade dos intérpretes, influenciou toda uma geração de criadores e permanece como uma obra atemporal e universal.

Curiosidades

No Brasil, o título não somente ganhou uma notória montagem em 1983, produzida por Walter Clark, como lançou ao estrelato dezenas de atores e “dividiu águas”, marcando para sempre a história do teatro musical no país, e até mesmo da TV.

O elenco, composto por 30 atores, revelou nomes como Claudia Raia, Totia Meirelles, Regina Restelli, Guilherme Leme, Thales Pan Chacon, J.C Violla, Alonso Barros, Márcia Albuquerque, Eduardo Martini, Kátia Bronstein e Maria Lúcia Priolli, entre outros.

Ainda conhecida como Maria Cláudia Raia, o espetáculo teve como postulante à “linha do coro” uma jovem de 17 anos, muito alta e determinada, que chegou à fila das audições às 4 da manhã e pegou a ficha de número 001. Ela passou, conquistou o papel que desejava – e o resto é história no teatro musical brasileiro, que ela mesma ajudou a escrever –.

Produzido por Walter Clark, importante homem da televisão brasileira, o espetáculo foi dirigido pelo americano Roy Smith e contou com nomes como Millôr Fernandes e Jorge Takla em sua ficha técnica. Sucesso absoluto de público e crítica, pode-se afirmar que transformou a maneira de se fazer e assistir musicais da Broadway no Brasil.

“O que mais me fascina em ‘Chorus Line’ é que, mesmo sendo uma obra criada há meio século, ela não soa datada. Pelo contrário, é profundamente contemporânea. O texto continua pulsando, porque fala de gente, de histórias reais, de conflitos que se repetem. É um material que permite releituras potentes, justamente porque fala diretamente à alma de quem participa, seja no palco ou na plateia”, resume Bárbara Guerra, diretora da nova versão.

A Nova versão Brasileira

A nova montagem estreia em 18 de Setembro no Teatro Villa-Lobos em São Paulo. A versão será assinada por Miguel Falabella, a direção musical será guiada de Jorge de Godoy, cinematografia com Mess Santos e figurinos de Theo Cochrane. A direção geral e coreografia ficará a cargo de Bárbara Guerra.

Bárbara dedicou sua vida à dança. Bailarina desde cedo, cresceu participando de audições e hoje produz grandes musicais. À frente da “Bárbaro!” e Atual produções, já realizou espetáculos como “Elvis – A Musical Revolution”, “Donna Summer Musical”, “Tom Jobim Musical” e “DREAMGIRLS – Em busca de um sonho”, entre muitos outros.

Montar ‘A Chorus Line’ significa resgatar parte da história do teatro musical e uma época em que a Broadway viveu seu auge. Em julho, celebramos os 50 anos dessa obra que revolucionou o gênero e marcou não só a indústria, como a vida de quem esteve em cena e na plateia. No Brasil, com a icônica montagem de 83 não foi diferente, revelou talentos e encantou o público. Ter a oportunidade de hoje dirigir, coreografar, fazer parte da história de ‘A Chorus Line’, eu que sou bailarina, que vim do coro e tive a dança como escolha profissional, será especial.

Originalmente dirigido e coreografado por Michael Bennett, o espetáculo contou com texto de James Kirkwood Jr. e Nicholas Dante, músicas de Marvin Hamlisch e letras de Edward Kleban. O musical que estreou em 25 de julho de 1975 no Shubert Theatre, em Nova York, onde permaneceu por 15 anos ininterruptos, quebrando recordes de público, desafia o tempo.

Aos 50 anos, “A Chorus Line” retorna aos palcos brasileiros com uma roupagem moderna, refrescando o clássico para encantar o público contemporâneo.

“Lidar com uma obra tão icônica é desafiador, a essência do musical e o coração da obra precisam ficar. Vamos recriar algumas coreografias e propor uma nova encenação. Quero manter o impacto dos grandes números e da excelência artística, e somar recursos audiovisuais que servem como uma lupa para ampliar a emoção. Chamei o Mess Santos, diretor de cinema e de videoclipes, para trazer um olhar videográfico e contemporâneo. Temos ainda o olhar e o texto afiado de Miguel Falabella, que sabe como ninguém envolver o público com humor e poesia” completa, Bárbara.

Apresentada pelo Ministério da Cultura e pela seguradora MAPFRE, com patrocínio da WIZ em uma produção de DanCaldini e Atual Produções, “A Chorus Line” é apresentado no Brasil por meio de acordo com a Concord Theatricals, em nome da Tams-Witmark LLC.

A história

O enredo acompanha uma audição em um teatro vazio, liderada por Zach, diretor de um novo musical da Broadway. Dezessete bailarinos disputam oito vagas no elenco, mas são surpreendidos com um pedido incomum: em vez de apenas demonstrarem técnica, precisam expor quem realmente são. A partir daí, cada candidato revela memórias, conflitos e descobertas — formando um mosaico de experiências que retratam a luta, a paixão e a fragilidade por trás da vida de artista —.

Cassie, uma veterana que já foi protagonista, tenta voltar ao coro e lidar com seu passado profissional e afetivo com o próprio Zach. Paul, reservado e introspectivo, comove ao contar sobre sua trajetória de autodescoberta, marcada pelo preconceito e pela rejeição familiar. Sheila, espirituosa e sarcástica, mostra fragilidade por trás da fachada confiante.

Val desafia os padrões estéticos impostos às mulheres no teatro musical, enquanto Diana, Connie, Mike, Richie e outros personagens expressam, por meio de coreografias e canções marcantes, os dilemas e esperanças de quem vive para dançar.

O espetáculo tem seu ápice em um número coletivo arrebatador, com a icônica canção “One”, celebrando o espírito de grupo e a individualidade que compõem a arte da cena.

Com narrativa comovente e coreografias eletrizantes, “A Chorus Line” é conduzido por músicas icônicas como I Hope I Get It, a música de abertura, onde os candidatos expressam sua ansiedade e desejo de serem escolhidos na audição; Nothing, um dos solos mais marcantes da obra, interpretado por Diana, em que ela narra uma experiência frustrante com uma professora de interpretação; What I Did for Love, uma das canções mais conhecidas do espetáculo, interpretada por Diana e pelo elenco, sobre a dedicação e os sacrifícios feitos pela arte; One, número final da montagem, com todo o elenco em formação de linha, celebrando o coletivo, além de muitas outras faixas marcantes como I Can Do ThatAt the BalletSing!”Hello Twelve, Hello Thirteen, Hello LoveDance: Ten; Looks: Three e The Music and the Mirror.

“A Chorus Line” é mais do que um musical: é um tributo aos intérpretes que fazem a magia acontecer longe dos holofotes principais.

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