Conflito entre drusos e beduínos persiste na Síria sem trégua

Governos sírio e israelense já anunciaram cessar-fogo, mas violência sectária continua, com registro de centenas de mortes

O governo sírio envia forças de segurança para a região de Sweida, no sul do país, onde confrontos entre drusos e beduínos continuam neste sábado (19.jul.2025), apesar das tentativas de implementar um cessar-fogo. Repórteres da agência Reuters ouviram tiros na cidade e viram projéteis atingindo vilarejos próximos, em uma escalada de violência que já dura quase uma semana.

As autoridades sírias pediram a todas as partes que cessem os combates depois de dias de violência sectária que provocou centenas de mortos. Segundo a Reuters, que mantém correspondentes na região, os confrontos começaram na semana passada entre os drusos –minoria religiosa presente no sul da Síria, nas Colinas de Golã, ocupadas por Israel, e em partes do Líbano e da Jordânia– e tribos beduínas sírias.

A violência atual se dá 7 meses depois da queda do presidente Bashar al-Assad (Baath, esquerda), em dezembro de 2024. Os confrontos representam um desafio ao controle do governo liderado por islamistas do presidente interino Ahmed al-Sharaa (HTS, grupo militar/religioso), que assumiu depois da derrubada de Assad.

O SOHR (Observatório Sírio para os Direitos Humanos), grupo de monitoramento com sede na Grã-Bretanha, informou que os confrontos desde a semana passada em torno de Sweida resultaram na morte de pelo menos 940 pessoas. 

Omar Obeid, diretor de um hospital em Sweida, relatou à Reuters que a unidade estava cheia de corpos e feridos após dias de violência. “Todos os ferimentos são de bombas, algumas pessoas com ferimentos no peito. Também há ferimentos nos membros por estilhaços”, disse.

O conflito atraiu a participação de Israel, que realizou ataques aéreos no sul da Síria e contra o Ministério da Defesa em Damasco esta semana, enquanto as forças governamentais lutavam contra os drusos. Israel afirma estar protegendo os drusos. Síria e Israel, no entanto, chegaram a um acordo de cessar-fogo neste sábado (19.jul).

Os Estados Unidos e Israel têm visões diferentes sobre a Síria. Washington apoia uma Síria centralizada sob o governo de Sharaa, que prometeu governar para todos os cidadãos, enquanto Israel afirma que o governo é dominado por jihadistas e representa um perigo para as minorias.

O presidente interino Ahmed al-Sharaa declarou que a mediação “árabe e americana” havia ajudado a restaurar a calma, antes da escalada dos confrontos. Ele criticou Israel pelos ataques aéreos durante a semana.

 


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