O CEO da Embraer, Francisco Gomes Neto, disse que a empresa fala em rever as projeções de receita para 2025 por causa da decisão dos Estados Unidos de impor tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros. Ele declarou ser contra a ideia de o Brasil retaliar.

A Embraer havia projetado um faturamento consolidado de até US$ 7,5 bilhões em 2025. “Com essa nova tarifa de 50%, naturalmente, vamos ter que revisar. Não tem como. Ainda não [tem como calcular o novo número]. O risco é que, por causa de uma tarifa muito elevada, o cliente não queira receber o avião”, disse em entrevista ao “C-Level”, videocast do jornal Folha de S.Paulo. 

A Embraer é uma das empresas mais afetadas pelo tarifaço anunciado pelo presidente dos EUA, Donald Trump (Partido Republicano). Os norte-americanos são os principais importadores de aeronaves do Brasil.

Ao ser perguntado sobre a possibilidade de o Brasil retaliar caso a tarifa seja mantida, Gomes Neto respondeu: “Pessoalmente, sou contra. Acho que tem que esgotar 1º a parte negocial, e é exatamente isso que nosso governo está fazendo. Estou otimista que chegue a uma conclusão, então a gente não precisaria passar para essa outra etapa que, imagino, vai elevar ainda mais o nível de tensão e estresse na relação [entre Brasil e EUA]”.

Ele defende que o Brasil negocie “de uma forma que seja boa para os 2 lados”. Segundo ele, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está “escutando todas as partes para entender os impactos em cada setor ou cada empresa” para definir como agir. 

Gomes Neto participou da reunião em que o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin (PSB), conversou sobre a tarifa norte-americana com representantes da indústria. 

“Temos uma expectativa muito positiva. O governo está engajado, entende a importância e a relevância do timing. Estamos contribuindo para ajudar a construir um caminho para que o problema seja resolvido até o final de julho”, afirmou. 

A tarifa entra em vigor em 1º de agosto. 

“O setor da aviação vem trabalhando com a alíquota zero desde 1979, é um setor muito globalizado. A gente compra e vende peças de todos os lugares do mundo. Nossos aviões têm um conteúdo norte-americano muito elevado, na ordem de 45% do custo do avião. A gente está buscando sempre outras alternativas, mas a melhor solução para nós é uma negociação de governo mostrando os benefícios que a aviação traz, tanto para o Brasil como para os EUA, e restaurar a alíquota zero no setor da aviação”, declarou.

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