A gente tenta ensinar nossos filhos sobre saber perder de forma acolhedora, com muita educação positiva, mas talvez seja melhor, que eles sofram na prática. Meu pai me apresentou o futebol e pediu-me para escolher um time, o dele era o Santos, mas não andava bem das pernas, por proximidade com meu primo eu resolvi torcer para o Vasco da Gama e descobri o verdadeiro sentido da vida, amar e saber perder, o Vasco é um time que emociona, mas essa emoção toda não deu para mim. Segundo o estatuto que meu pai havia criado, para ser torcedor tinha que acompanhar todos os jogos, ao menos na televisão, eu queria brincar na rua, de futebol. Acabou que abandonei a torcida, mas sempre lembro da minha curta temporada quando me perguntam.
Para os que torcem até hoje, com a mesma devoção que tem em suas religiões, não teve jeito. Não será esse ano que teremos um time brasileiro na final do campeonato mundial de clubes da FIFA. Tristeza de quem apostou dinheiro nesses sites de “Bets”, o avião veio cheio de jogadores e de dívidas. Haja coração, o torcedor sofre nesse país.
Na primeira rodada, o Fluminense veio mal, apenas com uma vitória e dois empates, mas foi o que se saiu melhor chegando a semifinal, em relação a estado, o Rio de Janeiro enviou três times, juntou-se ao tricolor o Botafogo e o Flamengo, duas praias boas de se visitar quando forem passear de férias. O Palmeiras é que foi jogando com raça, mas não conseguiu virar, pelo jeito vai continuar escutando piada sobre não ter mundial. Segue a bola!
O futebol, com sua rica tradição, desdobra-se nos fins de semana, unindo trabalhadores, amigos do campo sintético e a velha guarda. É, por essência, uma vivência coletiva; a glória individual é um mito. Mesmo o gol do atacante é fruto do esforço conjunto. É exaustivo e monótono presenciar a exaltação de méritos solitários, o esporte não precisa disso.
Torcer é diferente. Mexe com o coração, aumenta a adrenalina, nos coloca no lugar do técnico e se fosse possível falaríamos breves palavras estratégicas rumo a vitória. E não basta apenas ganhar, tem que ter sabor de vitória, com passado árduo, quase falência do clube, passagem pela segunda divisão, astro contratado não dando o sangue pelo time, torcedores esperando pelos jogadores no aeroporto e muita derrota que é para engrossar o sangue.
Por ser o esporte mais popular, o futebol é que mais nos ensina a ter dias ruins. Ganhar, empatar e perder são resultados constantes, uma filosofia para a vida. Acompanhar o dia a dia de um time do coração nos ensina que entre as pedras podem nascer flores e talvez espinhos nessas flores, tudo com ânimo, como toda partida deve ser.
Dá gosto de ver time brasileiro em campo. Os últimos jogos que assisti, animou a cidade, mesmo perdendo. Mas convenhamos que vencer é sempre melhor, nós merecíamos termos ganhado essa taça.
Fui!
Bjo!
Thiago Maroca é escritor, membro da Academia Valparaisense de Letras, produtor audiovisual, mestre em educação, escoteiro, pai do Théo e uma meia dúzia de coisas que não cabem nesse espaço.
Manda um OI:@thiagomaroca / thiagomaroca@gmail.com