Sara tinha por volta de 14 anos. Tímida, mas, se você lhe desse uma tarefa criativa, ela executava com uma destreza impressionante. Fazia o que fosse preciso, com unhas e dentes, se necessário. Calculava o que não sabia, mergulhava num universo próprio criado só para aquilo. Seu dom era, literalmente, criar.
Ela se encontrava nisso. Não necessariamente desenhar era o seu foco, mas tudo que envolvesse arte despertava algo dentro dela. Não entendia exatamente por que era atraída por esse mundo, mas o que mais a encantava era a ideia de melhorar o ambiente em que vivia, com arte. E viver de arte e viver com arte, diga-se de passagem, são duas coisas bem diferentes. Quando alguém lhe perguntou se pensava em ser artista plástica, após vencer uma competição de arte livre aos nove anos, ela respondeu:
— Não, eu só quero criar.
Mas ela ainda não entendia o que isso poderia provocar, mudar ou significar para o que desejava ser no futuro. Naquela época, os anos pareciam uma contagem regressiva até o vestibular. Notas, aprovações, orgulho dos pais.
Ela vivia, então, um amor platônico por um menino do último ano do colégio. Ele era desenrolado, inteligente, chamava atenção pela alegria e… ainda cantava! Ela pensava: “Sou tímida, tenho vergonha… O que será que a diretora vê em mim?”
Foi essa a pergunta que fez a si mesma quando, num dia ensolarado, duas semanas antes da festa de Dia das Mães, a diretora chamou Sara e Ricardo — o tal menino — para ensaiarem o poema que seria apresentado pelos alunos e para todos os pais. Ricardo pegou o papel e, em segundos, já estava fazendo graça e encantando quem passava. Sara, por outro lado, segurava o seu papel sem conseguir decorar uma linha, bloqueada pela presença do seu “crush” e pela vergonha.
Ela falava com a cabeça baixa, paralisada pelo medo, se sentindo incapaz ao lado daquele que tanto admirava e que parecia brilhar em tudo que fazia. Foi nesse momento que, após todos saírem, a diretora a chamou.
— Leia para mim o poema — disse, com um olhar firme e calmo.
Sara leu. Nervosa, hesitante, sem entender o porquê daquele momento. A diretora então afirmou:
— Você é melhor que ele. Você sabe o que fazer. Não tenha vergonha de mostrar o que você sabe.
Mas Sara nem sabia o que sabia. O que ela sabia, de verdade, era que quando abria os braços e olhava para o horizonte, entrava no seu mundo — e nesse mundo, tudo fazia sentido. Toda vez que a diretora pedia para ela repetir, Sara ganhava mais segurança. E, quando percebeu, estava sendo aplaudida pelos professores por sua coragem.
A família de Sara sempre a apoiou. Mas foi a diretora quem lhe mostrou que o mundo podia ser pintado com as cores que ela escolhesse — e que essas cores também podiam transformar o mundo dos outros. Hoje, Sara percebe que muito do que faz vem dessa perspectiva. E talvez não fosse assim, se não fosse por aquele momento.
E o dia das mães? Bem… Quando chegou a vez de Sara declamar seu poema, dominou o palco. Ricardo, inclusive, se surpreendeu. Foi assim que ela aprendeu que não se tratava de ser melhor do que o outro, mas de nunca se diminuir por causa de alguém. Aprendeu a não esconder o próprio brilho — porque a pior forma do medo é quando ele esmaga uma flor que ainda nem abriu as pétalas.
Pensar com arte… é pensar diferente.
Aimée é uma planejadora urbana com mais de 15 anos de experiência em Marketing, consultora de pós-graduação em NeuroMarketing, Artista Visual internacional e CEO da Tkart, uma empresa internacional de marketing.
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