Dos apelidos que nos eram dados antigamente ao bullying praticado pela tirania adolescente de hoje em dia, muito mudou sobre como lidamos com as brincadeiras, os apelidos, as perturbações — até chegar ao mais triste e covarde ataque: o bullying.
A palavra bullying vem do inglês bully, que pode significar “brigão” ou “valentão”. Essa palavra tem origem datada do século XVI e era usada para descrever pessoas com atitudes agressivas ou intimidatórias. Contudo, o termo bullying foi popularizado nos anos 1970, na Suécia, para descrever a violência escolar e a intimidação entre crianças e adolescentes. Desde então, espalhou-se pelo mundo e tem sido amplamente utilizado para explanar sobre intimidação e agressão psicológica.
Atualmente, o bullying é um problema bastante grave, que tem afetado milhões de pessoas ao redor do mundo. Trata-se de uma forma de violência que pode desencadear consequências devastadoras para quem sofre, incluindo problemas sérios de saúde mental, baixa autoestima e, em casos extremos, suicídio.
Em um passado não muito distante, os apelidos eram frequentemente aceitos como uma forma de brincadeira inocente. Aos magros, ser chamado de bambu ou Olívia Palito era um clássico. Aos altos, vara-pau ou coisa pior também era comum. Já “baleia”, “rolha de poço” e outros termos mais pejorativos sempre pareceram intimidadores. Entretanto, crianças e jovens lidavam razoavelmente bem com esse tipo de coisa. Hoje, há uma maior conscientização sobre o impacto devastador que essas “brincadeiras” podem causar na autoestima e no bem-estar das pessoas. A sociedade tornou-se mais sensível aos apelidos, e suas consequências têm sido devastadoras, causando danos emocionais e psicológicos. Considerando-os uma forma de bullying, hoje são vistos como ofensivos e discriminatórios.
Do final do século passado para cá, vem ocorrendo uma mudança na percepção e uma maior consciência sobre o quão impactante pode ser o uso constante de apelidos para aqueles que os escutam com frequência. O respeito e a empatia têm sido mais valorizados, e os apelidos já não são mais utilizados ao bel-prazer da “turma”.
Todavia, um novo problema vem surgindo na vida de crianças e jovens: o cyberbullying. Esse tipo de bullying ocorre online, primordialmente por meio das redes sociais, e-mails e quaisquer outros meios digitais possíveis. Por permitir o anonimato, dificulta a identificação do agressor. O impacto negativo sobre a vítima é rápido e feroz, devido ao compartilhamento gratuito e cruel. Além disso, mensagens ofensivas podem ser permanentes e difíceis de apagar ou de rastrear a origem. Mensagens de ódio, fotos não autorizadas, informações falsas — como as já comuns fake news —, ou mesmo a exclusão de grupos ou comunidades online, favorecem e fomentam problemas de saúde mental, como ansiedade, depressão e burnout.
Educando para o respeito à dignidade da pessoa humana — o que passa pela inclusão e aceitação das diferenças —, os ambientes escolares têm desempenhado um papel importante na prevenção do bullying, por meio de palestras e debates que buscam banir esse tipo de comportamento da sociedade. Todavia, os estudantes, assim como qualquer pessoa vítima de bullying, tendem a se sentir inúteis, impotentes e sem valor, o que impacta diretamente seu desempenho escolar e sua vontade de viver em sociedade.
Cabe a todas as pessoas — pais, mães, professores, personalidades da mídia — alertar sobre o perigo que o bullying representa e atuarem juntas, influenciando positivamente crianças e jovens, para que todos possamos viver em um mundo mais justo, agradável e menos intimidador ou excludente.
Adriana Frony, professora, administradora, especialista em gestão escolar, mídias sociais, mestranda em ciências da educação, escoteira, palestrante e mentora com mais de 30 anos de experiência na educação, dedicou-se a transformar a aprendizagem em uma experiência alegre e significativa para seus alunos. Acredita que educar é um ato de coragem e amor, que deve ser vivido com liberdade e criatividade. Contato: espacodeaprendizagemintegrada@gmail.com