#5 | Lembra dele? Branco, fundamental no tetra, foi técnico do Sobradinho

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Nos mais de cinquenta anos desde o primeiro pontapé no futebol candango, inúmeros jogadores conhecidos em todo o país passaram pelos clubes do Distrito Federal. Alguns já consagrados, outros ainda em formação, mas todos deixaram marcas em gramados espalhados por todo o DF. Na série Lembra dele?, o Distrito do Esporte resgata nomes que cruzaram o caminho da capital brasileira em momentos improváveis da carreira. O 5º episódio volta doze anos no tempo, até 2013, quando Branco, lateral-esquerdo tetracampeão do mundo, comandou o Sobradinho no Campeonato Candango.

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No currículo, três Copas do Mundo disputadas: 1986, 1990 e 1994. Na última participação, foi coroado com o título e a faixa do tetra no peito — e a memória afetiva de todos os brasileiros que comemoram efusivamente o gol da virada diante da Holanda, ainda nas quartas de final. Mas, a carreira começou muito antes. Nascido na cidade de Bagé, no interior do Rio Grande do Sul, Branco foi revelado no Guarani local, onde se destacou e chamou atenção do Fluminense. No Tricolor Carioca, se tornou ídolo ao conquistar três vezes a taça do Campeonato Carioca e uma vez do Brasileirão, em 1984.

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Branco
Branco foi o autor de um dos gols mais importantes da Seleção Brasileira na campanha do Tetra da Copa do Mundo, em 1994. Foto: CBF

Durante a carreira, o histórico lateral-esquerdo defendeu gigantes nacionais como a dupla Gre-Nal, Flamengo e Corinthians. Fora do Brasil, atuou pelos italianos Genoa e Brescia, além de três temporadas com a camisa do Porto, de Portugal. Pendurou as chuteiras em 1998, quando foi rebaixado à Série C do Brasileirão com o Fluminense. A primeira função após a aposentadoria foi o cargo de coordenador das divisões de base da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Logo de cara, conquistou as Copas do Mundo Sub-17 (posteriormente, conquistou também em 2019) e Sub-20 de 2003. 

A primeira experiência como treinador veio apenas em 2012, quando aceitou o convite para dirigir o Figueirense. Em seis meses, foi vice-campeão do Catarinense — perdeu a decisão para o arquirrival Avaí—, mas acabou demitido após uma sequência negativa. No geral, o saldo foi positivo. Em 22 jogos à frente da equipe, somou 13 vitórias, cinco empates e quatro derrotas. O aproveitamento de 63% foi o melhor dentre todos os técnicos que viriam passar pelo ‘Figueira’ ao longo de toda a década (2011 – 2020). Meses depois de deixar o time de Santa Catarina, recebeu sondagens de grandes clubes, como Inter e Sport, mas escolheu o… Sobradinho. 

Terceiro melhor colocado do Candangão em 2012, o Sobradinho conseguiu vaga na Copa do Brasil do ano seguinte e as pretensões eram altas: boa campanha no mata-mata nacional e o título do Campeonato Candango — que não vinha desde 1986. Para cumprir os objetivos, a diretoria do clube firmou uma série de parcerias de investimentos. A principal delas foi com o UniCeub, então responsável pela franquia do hoje Brasília Basquete, com excelência e protagonismo: na modalidade, os brasilienses vinham de três títulos seguidos do NBB e buscavam expandir o êxito das quadras para os gramados. O Leão da Serra foi o parceiro escolhido. “Isso está nos dando condições de trazer o Branco”, disse Ricardo Vale, presidente do clube à época.

Em entrevista ao Correio Braziliense, Vale destacava o desejo do ex-lateral de contribuir com o crescimento do futebol no Distrito Federal: “ele nos disse que tinha proposta do Internacional e do Sport, mas nos surpreendeu ao demonstrar uma vontade imensa de colaborar com o crescimento do futebol de Brasília e não se prendeu a questões financeiras. A apresentação aconteceu em 5 de dezembro de 2012.A apresentação ocorreu em 5 de dezembro de 2012. Com declarações fortes, características desde os tempos de jogador, Branco definiu o tom da coletiva de estreia. “Se chegar aqui com a bunda maior que a minha, o cara está fudid*. Se for pra jogar em má força física, eu peço uma moto e entro em campo”. 

Apesar da preocupação com o preparo físico, o planejamento previa a chegada de jogadores experientes — desde que estivessem em forma. “Tem jogador em fim de carreira com boa índole e aqueles que só vem para roubar. Comigo não vai ter ladrão. Não quero que jogador venha aqui para passear em Brasília ou tomar um chope no bar do Zé ou do João. Tem que ser profissional”. Ainda na coletiva, Branco projetou as expectativas para a passagem no futebol candango. “Quero deixar um legado não só para o Sobradinho, mas para o futebol da capital do país”, contou.

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Apresentação de Branco como técnico do Sobradinho, em 5 de dezembro de 2012. Foto: Sobradinho

Branco teve o pedido de contratações de jogadores experientes acatado e viu o elenco ganhar reforços de peso. Entre os nomes, o volante Túlio Lustosa, com quem havia trabalhado no Figueirense na temporada anterior — que anos que viria a presidir o próprio Sobradinho — e com passagens por Botafogo e Corinthians; o zagueiro Fabão, campeão da Liberadores pelo São Paulo também chegou para o elenco do técnico tetracampeão do mundo. A ‘cereja do bolo’ foi o retorno do artilheiro Dimba. Revelado no Leão da Serra em 1994, o atacante havia conquistado o Candangão 2012 e se preparava para pendurar as chuteiras. 

Após mais de um mês de treinamentos, a estreia aconteceu dentro de casa, em uma tarde chuvosa no Augustinho Lima, diante de 2.393 torcedores. O adversário, o Capital, entrou disposto a estragar a festa alvinegra. Na reta final do primeiro tempo, os visitantes abriram um placar e levaram a vantagem para o intervalo. Branco ajeitou o time, promoveu mudanças e mesmo com um a menos, deu resultado: o Leão da Serra virou para 2 a 1. A chuva que caía no DF encheu o balde de água fria na cabeça dos donos da casa, que viram a Coruja virar para 3 a 2 na reta final, aos 37′ e 41′ do segundo tempo. Não podemos tomar dois gols em quatro minutos”, disse Branco ao término da partida.

Em 27 de janeiro de 2013, o ex-lateral comandou o segundo e último jogo à frente do Sobradinho, diante do Gama. “Nada melhor do que um clássico para se recuperar”, afirmou antes do confronto. O começo pareceu promissor: com cinco minutos jogados, Laércio abriu o placar para o Alvinegro da Serra. O Gama se lançou ao ataque e empatou ainda na etapa inicial. Já no segundo tempo, Laércio recolocou os visitantes na frente mais uma vez em cobrança de pênalti. Os donos da casa empataram rapidamente, antes de virar aos 41′. O Leão ainda teve outra cobrança de penalidade desperdiçada aos 46 do segundo tempo.

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Capa do Correio destacava o desempenho abaixo de Branco no comando técnico do Sobradinho. Foto: Ed Alves | Correio Braziliense

No dia seguinte à derrota para o Gama, Branco comunicou a saída ao presidente Ricardo Vale para assumir o Guarani, de Campinas. A notícia pegou a diretoria de surpresa. Segundo o dirigente, uma reunião havia sido realizada após a derrota para o Alviverde e, em nenhum momento, o técnico mencionou outra proposta. No entanto, na segunda-feira (28/1/2013), a assessoria do Bugre confirmou a contratação do tetracampeão. A troca exigiu o pagamento de multa rescisória, cujo valor não foi divulgado. A apresentação ocorreu no Brinco de Ouro dias depois. “Aceitei o convite pela tradição do Guarani e pelas pessoas que estão à frente do clube. O Guarani tem uma história linda e uma torcida apaixonada”, declarou o técnico.

Apesar da frustração, o presidente do Sobradinho reconheceu que a proposta paulista era irrecusável e desejou sucesso ao ex-treinador. O Leão da Serra passou a ser comandado interinamente por Erivaldo Barbosa, o Bilzão, gerente de futebol. O elenco, recheado de nomes experientes, reagiu com naturalidade à mudança. “Ele não saiu por não acreditar no time, e sim por ter recebido uma proposta muito boa. Estamos focados na nossa reação”, afirmou o volante Túlio Lustosa. Ao término do Candangão, o Sobradinho terminou novamente na terceira colocação, pelo segundo ano consecutivo. Laércio, autor de três gols sob o comando de Branco, terminou como artilheiro do torneio com 11 gols anotados.

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